No domingo (22), o Fantástico expôs a crescente intolerância religiosa no Brasil, destacando um preocupante aumento de denúncias, especialmente em relação às religiões de matriz africana, de acordo com dados governamentais. Na região metropolitana de Salvador, em Dias D’Ávila, o terreiro do Pai Marcelo, dedicado ao orixá da justiça, Xangô, enfrenta uma série de desafios. Mesmo sob a proteção espiritual, o local foi alvo de dez invasões nos últimos oito anos.
O babalorixá João Marcelo Correia Nobre relata a angústia enfrentada: “Dez assaltos é você entrar num furacão. Fomos perseguidos. Eles não tinham mais nada para assaltar, mas eles arrombavam janela, quebravam. Todas as janelas foram trocadas do terreiro. Portas, se botava uma porta hoje, eles quebravam sete dias depois. E você entrava em pânico”.
Diante da falta de avanço nas investigações, Pai Marcelo e a comunidade investiram em câmeras de segurança para dissuadir os criminosos. No entanto, ao registrar queixas na delegacia, enfrentam resistência em categorizar os incidentes como intolerância religiosa. “Quando a gente vai registrar uma queixa, eles não querem botar no laudo, na ocorrência, intolerância religiosa. É um assalto? Uma casa foi invadida dez vezes, eles não querem entender que isso é intolerância”, reclamou.
“E aí acaba, por exemplo, um crime de intolerância ou de racismo religioso sendo colocado como briga de vizinho, algo de menor potencial ofensivo. Então é preciso que pessoas especializadas entendam que aquela violência gerada tem a sua origem no racismo e no racismo religioso pra que isso seja, inclusive, registrado adequadamente”, pontuou o presidente da Assoc. Bras. de Preservação da Cultura Afro-Ameríndia, Leonel Monteiro.
Com informações do Diário do Centro do Mundo.
Foto: Reprodução/TV Globo.
