A Câmara adiou para a terça-feira a definição das presidências das comissões, em razão da falta de acordo entre os líderes.
Para chegar ao comando da Comissão de Constituição, Cidadania e Justiça (CCJ), Bia Kicis (PSL-DF) fez uma longa peregrinação a gabinetes na semana para se apresentar como deputada moderada, prometendo ouvir, igualmente, base governista e oposição, no plenário da comissão mais importante da Câmara. Nos bastidores, congressistas questionam a decisão da Mesa, ou tentam contorná-la.
O blog apurou que a deputada tem conseguido apoio interno, apesar das resistência ao seu nome, e deve ser confirmada pelos seus pares para comandar a CCJ na terça-feira (9).
A resolução da Mesa Diretora da Casa que deu à deputada grande vantagem na corrida pelo comando da Comissão tem desgastado o objetivo.
De acordo com o entendimento do colegiado, só poderá haver candidaturas avulsas para membros do mesmo partido do parlamentar indicado inicialmente.
Como as duas alas do PSL, a bolsonarista e a fiel à legenda, têm acordo firmado que levou o presidente da sigla ao cargo de 1º secretário, será difícil que o próprio partido imploda o combinado na já delicada harmonia interna.
A deputada Fernanda Melchionna (PSol-RS) entrou com uma ação popular contra a nomeação de Bia Kicis. Na ação impetrada na Justiça Federal, no último dia (3), a deputada opositora falou que Kicis é defensora de temas que afrontam diretamente o estado democrático de Direito, o pluralismo político, os direitos e liberdades fundamentais, já tendo defendido em plenário pautas como a intervenção militar, o que, segundo a deputada, “colocaria em alto risco o exercício das funções de partidos de vertentes políticas diferentes das dela”.
“Bia Kicis é um perigo para o país: propagadora de mentiras, aliada do vírus, inimiga das liberdades democráticas e do povo, aliada de primeira hora do genocida que ocupa a Presidência da República. Faremos tudo o que estiver ao nosso alcance para impedir que ela assuma a presidência da comissão mais importante da Câmara dos Deputados”, enfatizou a parlamentar, que pretende se candidatar ao cargo também.
Outros candidatos
Nome que surgiu também é o do Delegado Waldir (PSL-GO), que não deve ser designado ao colegiado justamente por ser adversário de Kicis. Os bastidores revelam que o parlamentar busca uma indicação entre os partidos de oposição para conseguir ingressar na CCJ e disputar a vaga da colega de legenda. A manobra, porém, é muito difícil de ser executada.
Parlamentares contrários à nomeação de Kicis, mas que pertencem ao bloco do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), veem a resolução da Mesa como uma questão contornável e apontam Lafayette de Andrada (Republicanos-MG) como um nome mais palatável.
Com Agência
Foto: CLEIA VIANA/CÂMARA DOS DEPUTADOS