Por Metrópoles
Ao participar de um evento do Partido Democrata, na Filadélfia, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, mandou duros recados ao mandatário russo, Vladimir Putin.
Nesta sexta-feira (11/3), em pronunciamento transmitido ao vivo pela tevê, Biden foi categórico ao condenar o conflito no Leste Europeu e alertou paras as consequências de uma eventual escalada da guerra para outros países.
“Quero ser claro: defenderemos cada centímetro do território da Otan, mas não vamos travar uma guerra contra a Rússia na Ucrânia. Um confronto direto entre a Otan e a Rússia é a 3ª Guerra Mundial. E algo que devemos nos esforçar para evitar.
I want to be clear: We will defend every inch of NATO territory with the full might of a united and galvanized NATO.
But we will not fight a war against Russia in Ukraine.
A direct confrontation between NATO and Russia is World War III. And something we must strive to prevent.
— President Biden (@POTUS) March 11, 2022
“Não queremos a Terceira Guerra Mundial. Se tocarem nos países da Otan, vamos responder”, frisou o norte-americano.
A Otan é um grupo de 28 países criados após a Guerra Fria para fortalecer a defesa e a segurança de nações do ocidente. O desejo da Ucrânia de fazer parte da entidade militar foi usado como razão pela Rússia para desencadear o conflito no Leste Europeu.
Antes, Biden decretou novas sanções econômicas contra a Rússia. Agora, os norte-americanos não poderão comprar bebidas (como vodka), pescados (como o caviar) e pedras preciosas (como diamantes) russos.
Biden adiantou que novas penalidades são estudadas. “A situação da economia russa piora a cada dia. A Bolsa de Valores vai colapsar quando abrir”, frisou Biden. A Bolsa de Moscou está fechada há duas semanas.
Os americanos já haviam proibido a compra de petróleo russo, o que desestabilizou o mercado internacional e foi considerada a sanção mais dura até agora.
Aceno à paz
Após sucessivas trocas de acusações sobre a guerra, os presidentes Vladimir Putin, da Rússia, e Volodymyr Zelensky, da Ucrânia, fizeram discursos semelhantes nesta sexta-feira — 16º dia de conflito. A inédita consonância de falas não é uma declaração de cessar-fogo, mas indica que os dois países tentam – ou pelo menos dizem tentar – entrar em um acordo de paz.
No Kremlin, sede do governo russo, Putin afirmou que houve “algum progresso” nas negociações de Moscou com a Ucrânia, mas não deu mais detalhes. “Há certas mudanças positivas, dizem-me os negociadores do nosso lado”, explicou o mandatário em uma reunião com o presidente da Belarus, o ditador Alexander Lukashenko.
Do lado ucraniano da história, Zelensky avaliou, em pronunciamento gravado, que a guerra está em um ponto de “virada estratégica”. Segundo o chefe de Estado da Ucrânia, ainda é preciso tempo e paciência para alcançar a vitória.
Outro ponto de concordância é o processo de conversas entre os dois países. Os líderes admitiram que as negociações continuam. Putin foi além e acrescentou que elas ocorrem “diariamente”.
“Estou convencido de que vamos defender a liberdade”, assinalou Zelensky ao discursar no parlamento polonês.
O mundo acompanha os desdobramentos das conversas entre russos e ucranianos. Nesta sexta-feira, a vice-presidente dos Estados Unidos, Kamala Haris; o presidente francês, Emmanuel Macron; a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen; e o secretário-geral da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), Jens Stoltenberg, discutiram a guerra.
Para o leitor entender o que impede o acordo de paz, o Metrópoles listou as exigências de cada país na negociação de um cessar-fogo.
Vejas as condições russas:
- Ucrânia se render militarmente;
- Mudar a Constituição garantindo que nunca irá fazer parte da Otan;
- Desistir de integrar a União Europeia;
- Reconhecer a região da Crimeia, anexada em 2014, como território russo;
- E reconhecer a independência de Donetsk e Lugansk.
Veja as condições ucranianas:
- Criar e respeitar corredores humanitários de fuga;
- Cessar-fogo imediato;
- Retirar as forças russas da Ucrânia.
A evolução no tom dos discursos ocorre um dia após uma malsucedida reunião entre os chefes da diplomacia russa, Sergey Lavrov, e ucraniana, Dmytro Kuleba.
Na quinta-feira (10/3), Lavrov reclamou do fornecimento de armas de países do Ocidente para a Ucrânia. Kuleba acusou a Rússia de planejar o ataque ao país e de dificultar as negociações e o socorro aos feridos. Três reuniões de acordo terminaram sem sucesso.
A negociação geopolítica ocorre enquanto cidades inteiras estão sem água, energia e aquecimento. Bombardeios a hospitais e áreas residenciais se intensificaram. Rotas humanitárias de fuga são desrespeitadas.
Ao todo, segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), 2,5 milhões de pessoas fugiram da Ucrânia. Em Kiev, capital da Ucrânia e coração da política, metade dos habitantes fugiu.
Foto: Spencer Platt/Getty Images