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Biden faz história como o 1º presidente dos EUA a visitar a Amazônia em exercício Apesar do anúncio, União Europeia continua a ser o maior contribuinte mundial para o financiamento climático.

17 de novembro de 2024, 15h25 | Por Letícia Horsth

by Letícia Horsth

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, se torna neste domingo (17/11) o primeiro mandatário americano em exercício a visitar a Amazônia. Mais de 100 anos atrás, depois de deixar o poder, o presidente Theodore Roosevelt quase morreu depois de fazer uma expedição à floresta, onde contraiu malária e uma infecção na perna.

Mesmo antes da chegada de Biden, de 81 anos, a Manaus, no coração da maior floresta tropical do planeta, a Casa Branca anunciou que os Estados Unidos tinham cumprido o seu compromisso de chegar a US$ 11 bilhões até 2024 para ajudar o Brasil a combater as mudanças climáticas, tornando-se “o maior doador bilateral do mundo no financiamento climático”, segundo o texto.

O anúncio não acontece por acaso, no momento em que os participantes na Conferência do Clima da ONU (COP29) em Baku, no Azerbaijão, discutem os novos montantes do financiamento que deverá ser entregue aos países em desenvolvimento para enfrentarem as alterações do clima.

Washington é criticado por preferir a ajuda bilateral ao financiamento de fundos multilaterais, coadministrados pelos países em desenvolvimento. A União Europeia continua a ser o maior contribuinte mundial para o financiamento climático.

“Nenhum Estado deve se orgulhar de ser o maior doador bilateral. É a contribuição total em termos de financiamento climático que conta e os Estados Unidos nunca atingiram a sua ‘cota justa’”, pondera Friederike Röder, especialista em financiamento climático da ONG Global Citizen.

Segundo a Casa Branca, Biden também anunciará em Manaus a duplicação, para um total de US$ 100 milhões, da contribuição americana para o Fundo Amazônia, um fundo internacional para a proteção da floresta.

A sua visita, que acontece entre a cúpula da região Ásia-Pacífico, em Lima, e a dos líderes do G20, no Rio de Janeiro, sublinha o seu compromisso “com o combate às mudanças climáticas”, que “é claramente uma das causas que definem a presidência” Biden, explicou o conselheiro de segurança nacional Jake Sullivan, na quarta-feira (13/11).

O presidente dos Estados Unidos planeja sobrevoar a floresta e visitar um museu antes de falar com a imprensa. Ele também se reunirá com povos indígenas e autoridades locais que trabalham para proteger a Amazônia.

Roosevelt quase morreu na Amazônia

Até agora evitada pelos presidentes americanos em suas viagens ao Brasil, a experiência na floresta foi quase fatal para Theodore Roosevelt, presidente de 1901 a 1909 e conhecido por seu espírito aventureiro.

Quatro anos após deixar a Casa Branca, o 26º presidente dos Estados Unidos embarcou em uma expedição de quatro meses pelo território amazônico ao lado do explorador brasileiro Cândido Rondon. Famoso por ser um grande conhecedor da floresta e defensor das comunidades indígenas, Rondon propôs que os dois seguissem pelo então chamado “Rio da Dúvida”.

O afluente de 760 quilômetros nasce no estado de Rondônia, atravessa parte do Mato Grosso e continua até o Amazonas, do qual Manaus é capital e onde alimenta o leito do rio Aripuanã.

Mas a odisseia não saiu como o esperado. Vários membros da expedição morreram e “Teddy”, então com 55 anos, contraiu malária e uma infecção na perna, o que o incapacitou de completar a parte final da viagem.

“‘T. R.’ estava fora de si no final; Rondon o deu por morto várias vezes”, disse seu bisneto Tweed Roosevelt, em declarações ao jornal The New York Times em 1992.

A Expedição Roosevelt-Rondon “escapou do desastre” graças a um encontro com seringueiros na confluência do “Rio da Dúvida” com o Aripuanã, em 15 de abril de 1914, segundo a Biblioteca do Congresso dos Estados Unidos.

Mas a saúde do ex-presidente americano, que faleceu em 1919, nunca se recuperou completamente após a excursão pela floresta amazônica. Em sua homenagem, o “Rio da Dúvida” passou a ser chamado “Rio Roosevelt”.

Volta de Trump

A volta ao poder de Donald Trump, em 20 de janeiro, levanta preocupações sobre o cumprimento dos compromissos climáticos por parte dos Estados Unidos, o segundo maior emissor mundial de gases com efeito de estufa, depois da China. Trump retirou o país do Acordo de Paris sobre o Clima em seu primeiro mandato e avisou que quer fazer o mesmo no segundo.

A floresta amazônica, que se estende por nove países, desempenha um papel crucial no combate às mudanças climáticas graças à sua capacidade de absorver dióxido de carbono, um gás com efeito de estufa. É também uma das áreas mais vulneráveis ​​às alterações climáticas e à degradação ambiental.

Embora seja uma das regiões mais húmidas do mundo, está sendo devastada este ano pelos piores incêndios em duas décadas devido à grave seca que atinge toda a América do Sul, segundo o Observatório Europeu Copernicus. O desmatamento também fez com que o país perdesse em quatro décadas uma área aproximadamente equivalente à da Alemanha e da França juntas, estimou um estudo recente da Rede Amazônica de Informações Socioambientais e Geográficas (RAISG), um coletivo de pesquisadores e ONGs.

Muitos especialistas temem que isso atrase a transição para as energias renováveis ​​iniciada pelo governo Biden e prejudique as esperanças de alcançar objetivos climáticos ambiciosos a longo prazo, cruciais para reverter o aquecimento anormal do planeta, que provoca as alterações do clima.

Durante a sua campanha, o republicano prometeu “perfurar a todo custo” novos poços de petróleo e lançou dúvidas sobre a realidade das alterações climáticas. A retirada dos EUA das negociações climáticas poderia dar aos grandes poluidores, como a China e a Índia, uma desculpa para reduzirem as suas próprias ambições.

Agenda no G20

Durante a reunião do G20 no Rio de Janeiro, a partir desta segunda-feira, Biden se reunirá com o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva, que fez da proteção florestal uma de suas prioridades e prometeu reduzir a zero o desmatamento ilegal da Amazônia no Brasil até 2030.

Desde o retorno de Lula ao Planalto, a devastação na Amazônia brasileira caiu mais de 30% em um ano, de agosto de 2023 a julho de 2024 – o menor índice em nove anos.

Com informações do Metrópoles.
Foto: Justin Sullivan/Getty Images.

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