Por Metrópoles
O presidente da República e candidato à reeleição, Jair Bolsonaro (PL), chamou de “covardia” investigações jornalísticas sobre a negociação de imóveis em dinheiro vivo por ele e outros familiares.
Desde a década de 1990 até hoje, 107 imóveis foram negociados pelo presidente e por cinco irmãos, três filhos, a mãe e duas ex-mulheres do mandatário. O uso de dinheiro vivo ocorreu em pelo menos 51 transações, segundo informações levantadas pelo site Uol e reiteradas por declarações dos familiares de Bolsonaro.
“Qual o indício de a origem desse dinheiro ser corrupção? Qual a origem? Pegam imóveis desde 1990, ou seja, 32 anos atrás. Como não têm nada contra mim, ficam ao redor dos meus familiares”, disse Bolsonaro em entrevista ao vivo à Jovem Pan, nesta terça-feira (6/9). “Ficam martelando essas pessoas, o que é duro para mim. É ver as minhas irmãs (a Vânia, a Solange), os meus irmãos (o Guido, o Renato) sendo agora vistos como corruptos, como lavadores de dinheiro, pessoas humildes, trabalhadoras do Vale do Ribeira. Isso é uma covardia que fazem. Façam comigo, não façam com a minha esposa”.
Bolsonaro ainda questionou a publicação de matérias às vésperas das eleições.
“O que posso fazer 30 dias antes das eleições? Entrar na justiça? Não vai ter eficácia nenhuma daqui a 30 dias. Não vai ter ação nenhuma. Só falta essa semana, semana que vem fazerem busca e apreensão na casa desses parentes meus no Vale do Ribeira. Eu acho que, tenho quase certeza, que vão fazer buscas e apreensão na casa de parentes meus para dar aquele: ‘Olha, a família de corruptos’”, prosseguiu ele. “Não tem nenhum bandido, meus irmãos trabalham, minhas irmãs trabalham, de sol a sol”, concluiu.
Embora a compra de bens utilizando dinheiro vivo esteja em conformidade com a lei, a Justiça e a polícia consideram que essa modalidade pode apontar indícios de ilegalidade quando os valores são muito altos.
No caso dos parentes de Bolsonaro, hoje candidato à reeleição, as aquisições “em moeda corrente nacional” totalizaram R$ 13,5 milhões. Atualmente, com a correção do IPCA, a quantia chega a R$ 25,6 milhões.
“Rachadinha”
Bolsonaro tem ainda rechaçado outras investigações sobre seus familiares políticos, como a que recai sobre o filho Flávio Bolsonaro (PL-RJ), acusado de “rachadinha” em seu gabinete. A prática, que consiste no confisco de parte dos salários dos funcionários, caracteriza desvio de dinheiro público.
Nesta terça, ele afirmou que a vida de Flávio foi “revirada” pelo Ministério Público e lembrou que o processo foi arquivado após o Superior Tribunal de Justiça (STJ) anular as provas que sustentavam o processo.
Foto: Fábio Vieira/Metrópoles