O presidente Jair Bolsonaro afirmou a apoiadores que poderá reeditar o decreto que autorizou estudos para parcerias público-privadas em Unidades Básicas de Saúde se houver um entendimento melhor sobre o que o governo pretende fazer. O presidente também disse que o salário mínimo é pouco para quem recebe e muito para quem paga.
O presidente conversou por mais de uma hora com os simpatizantes, nos jardins do Palácio da Alvorada, na noite dessa quarta-feira (28), e afirmou que, quando houver entendimento do que o governo “quer fazer de verdade”, pode reeditar o texto.
“As UBS e UPAs são mais de 4 mil que estão inacabadas. E não tem dinheiro. Em vez de deixar deteriorar, gostaríamos de oferecer à iniciativa privada. Qualquer atendimento ali feito pela iniciativa privada seria ressarcido pela União. O pessoal falou que era privatizar, eu revoguei o decreto. Enquanto isso, vamos ter mais de 4 mil unidades abandonadas, jogadas no lixo sem atender uma pessoa sequer”, reforçou.
Segundo Bolsonaro, críticas da esquerda e imprensa querem transformá-lo em “monstro”. Ele culpou governos anteriores por ter “arrebentado” com o Brasil e disse que, antes, a saúde “era só corrupção”.
O governo publicou nesta semana o Decreto nº 10.530/20, que abre caminho para a privatização de unidades básicas de saúde, partes fundamentais do Sistema Único de Saúde (SUS). Com a forte repercussão negativa, a Secretaria-Geral da Presidência da República informou que a medida seria cancelada.
Bolsonaro: “Salário mínimo é pouco para quem recebe e muito para quem paga”
O presidente Jair Bolsonaro disse que a mão de obra no Brasil “é a mais cara do mundo” e que o salário mínimo é “pouco para quem recebe e muito para quem paga”. As declarações foram dadas durante a conversa com apoiadores na noite quarta-feira (28).
“Quanto custa a mão de obra no Brasil? Quem é patrão aqui? Você sabe o que é ser patrão, né? É muito bacana você falar: meus direitos. Agora, vai ser patroa, é a mão de obra mais cara do mundo. Vão dizer agora que eu sou contra o trabalhador aqui, vai publicar que eu sou contra o trabalhador”, afirmou.
Na sequência, falou sobre o valor do mínimo que, por mês, um trabalhador deve receber. “O salário mínimo é pouco para quem recebe e muito para quem paga. Agora isso aí é escândalo na imprensa. Se os caras me virem falando isso aí… [vão dizer que sou] contra o salário mínimo”, disse.
Bolsonaro recomenda que eleitor não reeleja prefeitos que “fecharam tudo”
Ainda na mesma conversa com apoiadores na quarta-feira (28), o presidente Jair Bolsonaro recomendou que seus eleitores não votem em prefeitos candidatos à reeleição que adotaram medidas de isolamento social durante a pandemia do novo coronavírus.
“Olha só, o prefeito que vem pra reeleição, vocês têm que ver como vocês foram tratados durante a pandemia, ver se vai votar nele de novo ou não. Quase todo mundo mandou ficar em casa e ameaçou, não é isso? Vocês querem isso? Então, não pode votar nesse cara, pô, vota noutro. Quem achar que está certo, repita o voto nele”, orientou.
Sem citar dados, Bolsonaro também relatou aumento de casos de adoecimento mental, divórcio e suicídio. “Olha só, vão vir números aí, não tenho como comprovar agora: [aumentaram os casos de] depressão; separação, porrada em casa; suicídio. Uma coisa que mulher não gosta aí, obesidade. Pessoal atacando a geladeira”, comentou.
Bolsonaro cita arma biológica e diz que coronavírus “talvez tenha escapado”
Em resposta a um apoiador, que questionou se ele considerava a existência da Covid-19 como uma estratégia para derrubar a economia dos países, o chefe do Executivo afirmou que o vírus “pode ter escapado”.
“Eu não posso falar isso. Os países se preparam para guerra com bombas. Aí tem a guerra nuclear, bacteriológica, o pessoal mexe com vírus em laboratório. Pode ter escapado isso aí”, opinou. Durante o diálogo, nem o apoiador, nem o presidente, citaram o nome de qualquer país.
O simpatizante insistiu com o presidente e perguntou sobre “ordem mundial”. Bolsonaro respondeu que “isso existe”, mas disse que não falaria sobre o assunto porque a conversa estava sendo gravada.
O Presidente do Brasil diz que a Covid-19 pode ser um vírus da “guerra nuclear bacteriológica” que escapou de um laboratório.
Também confirma a existência da “nova ordem mundial” pic.twitter.com/96L2I5K6GO— Samuel Pancher (@SamPancher) October 29, 2020
Bolsonaro diz que não tem mais cachorro na Venezuela: “Comeram tudo”
O presidente Bolsonaro também mencionou a crise política e humanitária na Venezuela e disse que, no país vizinho, não há mais cachorro porque os venezuelanos “já comeram tudo”.
Não há registro na imprensa tradicional estrangeira de que o povo daquele país esteja se alimentando de carne de cachorro, apenas vídeos no Youtube com supostas imagens de pessoas matando cães que seriam utilizados para o consumo humano.
Organismos internacionais, entretanto, relataram que o povo do país governado por Nicolás Maduro está se alimentando de comida para cachorro e ração para galinha. Também há relatos da existência de um mercado paralelo de venda de carne podre. No país, um quilo de carne bovina fresca chega a custar 30% do salário mínimo.
“Tem muita gente que defende animais e é de esquerda. Olha, na Venezuela não tem mais cachorro, comeram tudo”, disse aos simpatizantes.
Com informações do Metrópoles.
Foto: Jair Bolsonaro/Reprodução.