Por Metrópoles
Em interação com apoiadores na manhã desta quarta-feira (11/8), o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) comentou pela primeira vez a derrota imposta pela Câmara dos Deputados na noite de terça-feira (10/8), que rejeitou a proposta de emenda à Constituição (PEC) que estabeleceria a adoção do voto impresso.
O chefe do Executivo nacional sinalizou que parlamentares preferiram votar pela manutenção da urna eletrônica por “chantagem” e medo de “retaliação”.
“Quero agradecer à metade do Parlamento que votou favorável ao voto impresso. Parte da outra metade que votou contra entendo que votou chantageada. Outra parte que se absteve, dessa parte alguns ali também não votaram com medo de retaliação”, afirmou. “Então, com problemas essas pessoas resolveram votar lá com o ministro lá, presidente do TSE”, prosseguiu.
Bolsonaro também indicou que o resultado das eleições de 2022 pode ser questionado. “Hoje, sinalizamos para uma eleição que… Não é que está dividida. Uma eleição onde não vai se confiar no resultado das apurações.”
Segundo Bolsonaro, a conclusão é de que metade do Parlamento quer “eleições limpas, democráticas”. “A outra metade, não é que não queiram… Ali tem gente que foi pressionada, ficou preocupada em, ao votar conosco, ser retaliada. Um recado para todo mundo: a maioria da população está conosco, está com a verdade. Então, pessoal, se nós vivemos numa democracia, se está difícil lutar enquanto tem liberdade, depois que vocês perderem a liberdade vai ser impossível lutar”, discursou.
O presidente fez referência ao presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Luís Roberto Barroso, que atuou em defesa do sistema eletrônico de votações. O titular do Planalto tem subido o tom contra o ministro, a quem já acusou de mentir e chantagear parlamentares.
A derrota
Com 218 votos contrários, 229 a favor e 1 abstenção, a Câmara rejeitou na noite dessa terça-feira (10/8) a PEC do Voto Impresso. Para ser aprovada, a matéria precisava de, no mínimo, 308 votos favoráveis. O projeto é fortemente defendido pelo governo.
Agora, o texto será arquivado, e o formato atual de votação e apuração deve ser mantido nas eleições de 2022.
Para tentar reverter votos em plenário, a autora da PEC, deputada Bia Kicis (PSL-DF), pediu que seus colegas parlamentares não encarassem a proposta como um desejo pessoal do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), e sim do eleitor brasileiro. A fala da congressista reconheceu que a defesa do voto impresso feita pelo presidente só prejudicou o andamento da matéria.
“O rumo do debate foi completamente desvirtuado”, reclamou a deputada. “Essa não é a PEC do presidente Bolsonaro. Essa não é a minha PEC. Por isso eu gostaria de despolitizar essa discussão”, propôs.
Foto: Rafaela Felicciano/Metrópoles