Por Hoje em Dia/Blog do Lindenberg – blogdolindenberg@hojeemdia.com.br
Quem pensa que o presidente Jair Bolsonaro é bobo, engana-se. Pois ontem o presidente indicou o governador Romeu Zema como seu coordenador de campanha. E por que Bolsonaro fez isso? Porque ele sabe que Zema arrasta uma multidão de prefeitos em torno dele, por uma razão simples: Zema tem nas mãos um monte de prefeitos aos quais pagou com o dinheiro que deve à União, ainda que tenha deixado uma dívida superior à que recebeu do governador Fernando Pimentel (PT) – mais de R$ 50 bi, segundo seu adversário Alexandre Kalil, a quem derrotou ainda no primeiro turno.
De forma que Bolsonaro pode andar como pato, ter penas de pato, mas não é pato. E nomear a quem não pagou nenhum tostão à União, à espera de que a presidência lhe assegure o plano de recuperação fiscal da União, não é um mau negócio. Ainda mais quando conclama, numa reunião de prefeitos que, apesar das “pesquisas”, tão questionadas, “nós já viramos”.
Nisso Bolsonaro pode estar enganado ou tentando enganar alguém. Porque ontem mesmo o DataFolha divulgou a sua última pesquisa da semana, dando a Lula 49% dos votos e a Bolsonaro 44%, no que poderia ser uma ducha de água fria, não fosse a expectativa que se tem de que os “indecisos” é que vão desempatar esse jogo.
Contudo, se descontados os votos válidos, ou seja, se a eleição fosse hoje, Lula teria 53% dos votos e Bolsonaro 47%, o que daria a vitória ao ex-presidente. O detalhe é que a intenção de votos é dada no momento em que a pessoa é entrevistada, o que, para o DataFolha, significa dizer que o cenário do segundo turno continua estável. A margem de erro é de 2% para mais ou para menos.
De forma que ao escolher o governador Romeu Zema para coordenador de sua campanha no Estado, Bolsonaro não repetiu as bobagens que vem fazendo ao longo da campanha, inclusive fazendo aqueles horrores que fez em Aparecida, quando seus seguidores profanaram o templo religioso ao beber cerveja ou mesmo quando Bolsonaro subiu num carro para pedir votos, sendo advertido por um padre de que aquele não era um lugar para que se pedisse votos, mas para pedir as bênçãos da padroeira do Brasil.
Ontem, aliás, o ex-presidente Lula inundou as ruas de Recife com uma passeata-monstro, enquanto Bolsonaro por sua vez foi a Duque de Caxias. O presidente, no entanto, está de olho em Minas Gerais, o segundo maior colégio eleitoral do país, onde perdeu no primeiro turno, embora tivesse derrotado Lula em Belo Horizonte.
Os dois competidores, no entanto, estão de olho no que pode ser o último debate desse segundo turno. Enquanto Bolsonaro diz que “já viramos” nesse encontro com os prefeitos ontem em Belo Horizonte, Lula fará um treinamento que terá a simulação de xingamentos. Será o primeiro embate direto entre os dois, a depender de um convite feito pela Globo aos dois para realização de um último debate no dia 28 de outubro.
De qualquer forma, será uma disputa de gigantes. Bolsonaro porque tem a caneta carregada de tinta e Lula pelo seu reconhecido carisma. Esse debate na verdade poderá decidir a eleição.
Foto: reprodução/Arte Blog do Lindenberg
