Apesar dos esforços para arrefecer os ânimos, o tempo continua quente em Brasília, quase em ponto ebulição, eu diria. E adivinhem quem está botando fogo na caldeira? Ele mesmo, o presidente Jair Bolsonaro. Já anteontem, na sua live das quintas feiras, o presidente baixou o nível da polêmica criada com a carta que teria recebido da CPI da pandemia pedindo que ele desmentisse o deputado Luiz Miranda, que o acusou de não tomar providências quando o caso da Covaxin foi levado ao seu conhecimento.
O presidente soltou na live um palavrão, impublicável, como se estivesse falando com o eleitorado dele naquele “chiqueirinho” onde ele costuma receber os seus apoiadores.
Mas não, foi nas redes sociais mesmo, mas convenhamos, ele fala assim lá também, e não é possível que o presidente trate assim os seus eleitores. Foi um desrespeito aos que o leem ou ouvem– e muitos o fazem por dever de ofício.Já na manhã seguinte, sexta-feira, o presidente Bolsonaro botou mais lenha na fogueira, acusando o ministro Roberto Barroso, presidente do Tribunal Superior Eleitoral e membro do STF, de imbecil, e de estar tentando fraudar as eleições de 2022 na medida em que o ministro é contra o voto impresso. E Bolsonaro é a favor.
Ora, amigos, o voto eletrônico elegeu sucessivamente toda a família do presidente Bolsonaro – um vereador no Rio, um deputado federal e um senador – e o próprio Bolsonaro à presidência da República, quando ele, aliás, tem direito que teria sido eleito no primeiro turno, mas até agora não apresentou nenhuma prova dessas acusações, de forma que é lamentável – e amedrontador – que o presidente da República insista investindo contra o Supremo Tribunal Federal e não raro também contra o Congresso Nacional.
Parece que as últimas pesquisas, que o deixam atrás de Lula ( 58% a 31%), estão perturbando o juízo do presidente Bolsonaro. Para ocupar esse cargo, gente, é preciso ter preparo e equilíbrio.
Foto: REUTERS/Ueslei Marcelino