Por Agência O Globo
Em seu perfil nas redes sociais, o presidente Jair Bolsonaro se manifestou contra ao tratamento que vem sendo dado aos mortos no Jacarezinho e parabernizou a Polícia Civil pela operação.
Ele apontou que a ” mídia ” e a “esquerda” ofendem a população do Rio ao tratar os mortos na operação como “vítimas”, os igualando ao “cidadão comum, honesto, que respeita as leis e o próximo”.
Na mesma publicação, Bolsonaro lembrou da morte do policial civil Andre Leonardo no confronto, que deixou 27 pessoas mortos e foi considerado por entidades de direitos humanos como um “massacre”.
“Ao tratar como vítimas traficantes que roubam, matam e destroem famílias, a mídia e a esquerda os iguala ao cidadão comum, honesto, que respeita as leis e o próximo. É uma grave ofensa ao povo que há muito é refém da criminalidade. Parabéns à Polícia Civil do Rio de Janeiro! Nossas homenagens ao Policial Civil André Leonardo, que perdeu sua vida em combate contra os criminosos. Será lembrando pela sua coragem, assim como todos os guerreiros que arriscam a própria vida na missão diária de proteger a população de bem. Que Deus conforte os familiares!”, disse o presidente em publicação.
No entanto, a afirmação de Bolsonaro sobre os mortos na operação vai de encontro com informações divulgadas pela OAB do Rio. Em entrevista ao Jornal Nacional, Álvaro Quintão, Presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB RJ, afirmou que nem todos os mortos pela Polícia Civil tem antecedentes criminais.
“Nós já identificamos pessoas que nunca tiveram nenhuma passagem pela polícia. E existem, sim, algumas pessoas que já têm passagens, algumas cumpriram penas, já não têm mais pena, já não estão mais cumprindo nenhuma pena”, ressalta Quintão.
É o que relatos de familiares confirmam: alguns admitiram que os parentes eram envolvidos com o tráfico, enquanto outros asseguram que o familiar não é criminoso. Viúva de Bruno Brasil, uma das pessoas que morreram na operação policial no Jacarezinho , a autônoma Paula Gonzaga, enterrou o companheiro nesse domingo e lamenta o fato de estarem identificando Bruno como criminosos.
Junto com a mãe de Bruno, Célia Regina Lemos, elas querem limpar a imagem do parente, apontado como trabalhador inclusive pelos presentes nos velórios dos rapazes que tinham envolvimento com o tráfico.
Foto: Marcos Corrêa/PR/Fotos Públicas