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Bolsonaro recebe viúva de Ustra e chama torturador de ‘herói nacional’

8 de agosto de 2019, 19h48 | Por Carlos Lindenberg com Letícia Horsth

by Carlos Lindenberg com Letícia Horsth

O presidente Jair Bolsonaro (PSL) recebeu, nesta quinta-feira (8), no Palácio do Planalto, Maria Joseíta Silva Brilhante Ustra, viúva do coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, torturador da ditadura militar. Questionado pela imprensa sobre o encontro, Bolsonaro disse que a viúva “tem histórias maravilhosas para contar” e chamou Ustra de “herói nacional.

“Tem um coração enorme, sou apaixonado por ela. Não tive muito contato, mas tive alguns contatos com o marido dela enquanto estava vivo. Um herói nacional que evitou que o Brasil caísse naquilo que a esquerda hoje em dia quer”, afirmou o presidente.

Não é a primeira vez que Jair Bolsonaro exalta o coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra. Em 2016, durante o processo de impeachment da ex-presidenta Dilma Rousseff (PT), na Câmara, Bolsonaro dedicou seu voto à “memória do coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, o pavor de Dilma.”
Ustra foi chefe do Destacamento de Operações de Informação – Centro de Operações de Defesa Interna (o DOI-Codi), e um dos principais torturadores. Pelos atos, foi o primeiro militar a responder por um processo de tortura durante Ditadura.

Bolsonaro já citou o livro de memórias de Ustra, “A Verdade Sufocada – A história que a esquerda não quer que o Brasil conheça” como uma referência. Na obra, o falecido coronel relata as experiências como chefe do DOI-CODI, órgão de repressão do governo militar. Ustra morreu por falência múltipla dos órgãos em 2015, e está entre os nomes apontados pela Comissão Nacional da Verdade (CMV) como responsáveis por crimes no período.

Na última semana, Bolsonaro contrariou documentos históricos e afirmou que Fernando Augusto Santa Cruz, o pai do presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Felipe Santa Cruz, desaparecido durante o regime militar, foi morto por militantes de esquerda naquele período.

A Comissão Nacional da Verdade, grupo criado pelo governo federal, apurou que Fernando Augusto de Santa Cruz Oliveira foi “preso e morto por agentes do Estado brasileiro”. Segundo a comissão, Santa Cruz “permanece desaparecido, sem que os seus restos mortais tenham sido entregues à sua família”.

Foto: Agência Brasil/Reprodução

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