Por Metrópoles
O presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou, nesta quarta-feira (13/7), que caso seja preciso trocar a presidência da Petrobras mais uma vez, ele o fará. Desde o início do mandato, o chefe do Executivo federal alterou o comando da estatal em quatro ocasiões. O atual chefe da empresa é Caio Paes de Andrade.
Segundo ele, a Petrobras pode ter lucro, mas em uma “época de guerra”, o sentimento precisa ser diferente.
“É sacrifício para todo mundo. Agora, não faziam isso. [Dizem:] ‘Ah, ele trocou quatro vezes o presidente da Petrobras’. Sim, se tiver que trocar cinco, eu troco. Não tem problema”, disse o presidente a apoiadores, no Palácio da Alvorada.
A declaração do presidente ocorre horas antes de o comitê da petroleira se reunir para analisar as indicações do governo ao conselho. Segundo o mandatário da República, as trocas na Petrobras não têm como objetivo interferir na empresa, mas defender “um sentimento social que está previsto em lei”.
“Eu não posso colocar um presidente da Petrobras de hoje para amanhã. Leva 30 dias. É conselho, é não sei o quê, é Lei das Estatais. Se eu quiser trocar um ministro hoje, eu troco. Então [uma troca na Petrobras] demora. […] A Petrobras não pode ser uma empresa diferente das demais, que vai ter lucro e o governo que se vire”, afirmou.
Em junho, quando Caio Paes de Andrade teve a indicação aprovada para presidir a Petrobras, o presidente Jair Bolsonaro disse que a empresa teria “uma nova dinâmica.
Importação de diesel da Rússia
Durante a conversa com apoiadores, Bolsonaro voltou a falar sobre a negociação com o presidente Vladimir Putin para que o Brasil compre diesel da Rússia. Segundo ele, “está tudo certo” para a importação ocorrer.
“Está tudo certo para gente comprar diesel da Rússia mais barato. Então, quando a gente muda a Petrobras, […] todo mundo tem que procurar o [combustível] mais barato. Não é para ficar lá, um diretor ganhando R$ 100 mil por mês, um presidente, R$ 200 mil por mês, numa boa. Essas pessoas não estão preocupadas com o preço da gasolina”, disse.
No início da semana, o presidente brasileiro disse que a importação deve ocorrer em até 60 dias. Nessa terça-feira (12/7), o ministro das Relações Exteriores, Carlos França, afirmou que o Brasil quer comprar o “máximo possível” de diesel da Rússia, e que os acordos “estão sendo fechados”.
Se confirmada, a medida irá na contramão de vários países que têm adotado uma série de sanções contra os russos — como o embargo a importações de petróleo e derivados — em razão do conflito com a Ucrânia, que já dura mais de quatro meses.
Também na terça, o ministro de Minas e Energia, Adolfo Sachsida, afirmou que o Brasil tem um estoque de diesel que duraria 50 dias, sem a necessidade de importações.
O diesel está com alta demanda no mercado internacional. No Brasil, o combustível atingiu o maior valor da série histórica, iniciada pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) em 2004.
O Brasil é considerado estruturalmente “deficitário” em óleo diesel. No ano passado, por exemplo, quase 30% da demanda total do país veio de fora.
Historicamente, o consumo de diesel é mais alto no segundo semestre em razão das sazonalidades das atividades agrícola e industrial. Segundo fontes do governo, o Ministério de Minas e Energia já trabalha com a expectativa de que o consumo do combustível neste ano supere a quantidade consumida em 2021.
Foto: Hugo Barreto/Metrópoles