Por GGN
Jair Bolsonaro afirmou no início da tarde desta quarta (21) que foi o governador João Doria quem “distorceu” os termos do acordo que foi assinado no dia anterior pelo Ministério da Saúde e o Instituto Butantan, quando a Pasta admitiu a intenção de adquirir 46 milhões de doses da vacina chinesa ao custo de 10,30 dólares por unidades. Hoje, depois do estouro de Bolsonaro, o Ministério recuou e disse que “não há intenção de comprar vacinas chinesas”.
Em agenda externa, Bolsonaro atacou uma jornalista que o perguntou: “O que aconteceu ontem que o ministro disse que teria a compra e hoje o senhor diz que não terá? Não teve comunicação entre vocês?”
“Não me trata dessa maneira se não eu acabo a entrevista”, ameaçou. “Eu tenho responsabilidade, coisa que você não está tendo aqui. Não é dessa maneira que se trata uma autoridade numa questão séria que mexe com vidas. Houve distorção por parte de João Doria no tocante ao que ele falou. Ele tem um protocolo de intenções, já mandei cancelar se ele assinou. O presidente sou eu, não abro mão da minha autoridade. Até porque estaria comprando uma vacina que ninguém está interessado por ela, a não ser nós. Não sei se o que está envolvido nisso tudo é o preço vultoso que vai se pagar para essa ‘vachina’, essa vacina, né, para a China”, disparou. Segundo Bolsonaro, 10 dólares por vacina seria “uma conta absurda”. A vacina de Oxford será produzida em outros países da América Latina por 4 dólares a dose.
Ainda de acordo com ele, “nada será despendido agora para comprar uma vacina chinesa que nenhum país do mundo parece interessado nela”. “Toda e qualquer vacina está descartada. Ela tem que ter validade no Ministério da Saúde e certificação da Anvisa. Fora isso não existe qualquer dispêndio de recursos”, disse, ignorando que, em agosto, o Ministério da Saúde já comprometeu a investir um total de R$ 1,8 bilhão na produção de 100 milhões de doses da vacina de Oxford – que, assim como a Coronavac, ainda não conclui os testes clínicos para obter o selo da Anvisa.
Segundo Bolsonaro, Doria usou o acordo do Butantan com o Ministério como “última cartada em busca de resgatar a popularidade que perdeu na pandemia.” Ele ainda deixou claro que o problema com Doria é pessoal. “Se o secretário de saúde [de SP] quiser conversar com Pazuello, sem problema nenhum. Eu não converso com uma pessoa que usou meu nome para a ocasião das eleições e poucos meses depois começou me atacar visando me desgastar, pensando numa futura eleição. Não dá para conversar com esse tipo de gente”, disse.
Foto: Reprodução/CNN