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Bolsonaro tenta suavizar tensão entre poderes mas insiste em pedir a cabeça de ministros do Supremo. Hoje sua rejeição subiu mais ainda. Comentário da Tarde - Por Carlos Lindenberg

17 de agosto de 2021, 17h23 | Por Carlos Lindenberg

by Carlos Lindenberg

Olha só, o presidente Jair Bolsonaro até tentou amenizar a tensão entre os poderes da República ao dizer, ontem em Formosa (Goiás) que não será ele que irá promover a ruptura das instituições democráticas do país. Até aí tudo bem. Palavra de presidente não deve voltar atrás.

Mas ontem o presidente voltou a insistir nos ataques aos ministros do Supremo Tribunal Federal, Roberto Barroso e Alexandre de Moraes, argumentando que eles extrapolam os seus limites, e agora juntando como seus alvos preferenciais não apenas os dois, mas também o corregedor-geral da Justiça eleitoral, ministro Luiz Felipe Salomão, que mandou o governo cortar os recursos para os sites e blogs que disseminam notícias falsas, todos bolsonaristas, o que irritou o presidente, ou seja, o presidente, apesar do discurso de Formosa, continua mantendo o clima de tensão entre os três poderes, sobretudo quando insiste em pedir o impeachment dos ministros Roberto Barroso e Alexandre de Moraes, sem qualquer possibilidade de êxito, sobretudo diante do pronunciamento ontem do senador Rodrigo Pacheco, presidente do Senado, de que a Câmara Alta se mantém na defesa do estado de direito e da democracia.

Mas o presidente insiste em atacar ora o Senado ora o Supremo e o TSE criando mais problemas para a sua governabilidade e mantendo a tensão política em níveis altos. Hoje de manhã ele se justificou por ter se comportado como uma espécie de garoto propaganda da cloroquina e da Ivermectina, dizendo que apenas recomendou um tratamento precoce e que por isso não merece ser intitulado de abre aspas curandeiro ou charlatão, dei uma alternativa fecha aspas e por isso pode ser indiciado pela CPI da pandemia e recomendou à população que procure médicos e que se os médicos recomendarem o tratamento precoce que o façam e não fiquem em casa esperando sentir falta de ar.

Mas quem está numa situação difícil é o cantor sertanejo Sérgio Reis, que depois de convocar o povo para ocupar Brasília e só sair de lá depois que Rodrigo Pacheco dar andamento ao pedido de impeachment dos ministros do Supremo, entrou em depressão, segundo a mulher dele, e agora vai ser investigado pela Polícia Civil do Distrito Federal que poderá até processá-lo por ameaças, danos e atentado contra a segurança dos meios de transportes porque ele tentou usar os caminhoneiros uma paralisação que, no entanto, foi rechaçada pela liderança dos transportadoras. Em suma, o clima de tensão entre os poderes se mantém, o presidente não faz questão de evita-lo, apesar do pronunciamento de Formosa e da tentativa do centrão, que agora comanda a política do governo, de dissuadi-lo da ideia de processar os ministros, como disse no blog do Lindenberg, por exemplo, que seria a primeira vez na história da República que alguém pede a a cabeça de ministros do Supremo Tribunal Federal e com chance zero de ser aceita. Então pra que insistir nisso? O País tem outras prioridades como acabar a reforma administrativa, fazer a reforma tributária e concluir a reforma eleitoral. E segundo pesquisa da XP Investimentos, em parceria com o Instituto de Pesquisas Sociais, Políticas e Econômicas(Ipespe) 54 por cento dos brasileiros avaliam o governo Bolsonaro como ruim ou péssimo, maior índice registrado desde o início do mandato e 23 por cento como bom ou ótimo, também o menor índice. Daí porque se diz que Bolsonaro na verdade estaria com medo de uma derrota em 2022 e por isso vem ameaçando, com o nome das Forças Armadas no meio, não haver eleição no ano que vem se o voto impresso não for aprovado pelo Congresso o que tudo indica que não será, mesmo com o esforço do centrão em tentar amenizar as relações do presidente com o Supremo e até com o Congresso. O que, parece, que não passa pela cabeça do presidente da República. Não viu ontem? Ele disse que não seria o causador da ruptura dos poderes e hoje de manhã já saiu atirando nos ministros do Supremo e do TSE.

Foto: Pablo Jacob/Agência O Globo

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