Por Jornalistas de Minas
A Rede Minas, emissora pública mineira, censurou a entrevista do deputado federal eleito por São Paulo, Guilherme Boulos (PSOL), segundo mais votado em todo o país e apoiador da eleição de Lula, exibida ontem ao vivo pelo programa Roda Viva da TV Cultura, emissora pública de São Paulo. No lugar de Boulos, a emissora mineira, comandada pelo governador Romeu Zema (NOVO), apoiador do candidato Bolsonaro, reprisou uma entrevista da escritora nigeriana Chimamanda Ngozi Adichie, exibida há mais de um ano, em junho de 2021. Mais cedo, a emissora também determinou que a chamada para a entrevista de Boulos fosse retirada do ar.
Hoje também a Rádio Inconfidência, que como a Rede Minas também é uma emissora pública e não estatal, exibiu uma propaganda do governo Zema em suas redes sociais exaltando sua administração e dizendo que o ” trem que entrou nos trilhos vai continuar no mesmo caminho, com vagões carregados de desenvolvimento e oportunidades”, mesmo mote usado pelo governador reeleito em sua campanha.
O post foi deletado na sequência após questionamentos do Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Minas Gerais (SJPMG) sobre a legalidade da postagem, já que a emissora, de acordo com seu estatuto, pode divulgar ações de interesse público e não propaganda institucional dos feitos do governo.
A Rede Minas não deu nenhum explicação aos telespectadores sobre os motivos da TV reprisar um programa antigo e não o que estava acontecendo ao vivo. O Roda Viva é exibido regularmente na grade da emissora pública mineira e consta da programação oficial da TV Minas.
Procurada pelos @jornalistasdeminas, a Rede Minas alegou que a decisão de não exibir a entrevista foi tomada para se “manter isenta nas eleições de 2022”.
A de Boulos, segundo a emissora, não foi retransmitida por ele ter sido coordenador da campanha de Lula. A emissora alega que pelo mesmo motivo não transmitiu as entrevistas com os candidatos à Presidência da República. Sobre a exibição da propaganda do governo Zema, a Rádio Inconfidência disse que a peça não era para as redes da emissora, por isso foi deletada.
Foto: Reprodução/Instagram/Guilherme Boulos