Um estudo realizado recentemente pela Universidade John Hopkins, dos Estados Unidos, em parceria com algumas instituições brasileiras, indicou que o Brasil irá tomar o título dos EUA e será o próximo epicentro da pandemia do novo coronavírus (Covid-19).
Conforme publicado pelo Wall Street Journal, o estudo, que contou com dados publicados até 3 de maio, apontou que o número de infecções no Brasil pode chegar a 1,6 milhão, mais do que os 1,1 milhões de casos divulgados pelos Estados Unidos, atual epicentro da pandemia. Brasil testou apenas cerca de 1.600 por milhão de pessoas, muito abaixo dos 20.200 testes por milhão realizados nos EUA até agora, segundo a empresa de pesquisa Statista.
Segundo levantamento feito por três pesquisadores brasileiros, da Universidade de Ciências da Saúde de Alagoas, da Universidade Estadual de São Paulo e da Universidade de Oxford, a curva epidemiológica da doença segue o que vem acontecendo nos Estados Unidos, onde já morreram mais de 71 mil pessoas em decorrência do novo coronavírus.
O estudo, que ainda não foi revisado por profissionais, que é considerado um passo importante para a publicação científica, quando o trabalho é avaliado por especialistas, prevê 64 mil óbitos por Covid-19 no Brasil até o dia 9 de junho. Os EUA foram atingidos pela epidemia antes do Brasil e, por isso, estariam muito à frente.
A pesquisa destaca, ainda, a subnotificação de casos no país como a razão pela qual os números registrados não são tão altos. Segundo o estudo, o Brasil realizou cerca de 1.600 testes por milhão de pessoas. Os EUA, que muitos especialistas acreditam que não estão testando o suficiente, administram 20.200 testes por milhão, enquanto alguns países europeus estão realizando 30.000.
Porém, a situação do país pode ser ainda pior. Outra pesquisa, realizada por cientistas da Universidade de São Paulo (USP), estima que a quantidade de casos confirmados e de mortes é muito maior do que o apontado pelo Ministério da Saúde. De acordo com os estudiosos, nessa terça (05/05), quando foram divulgados 7.921 óbitos, o governo informou que há, ainda, 1.579 falecimentos em análise, o número real pode ser de 12.189.
Além disso, o Wall Street Journal destacou que o ceticismo do Presidente Jair Bolsonaro em relação à atual pandemia, que já matou mais de 253 mil pessoas no mundo, é um fator determinante para que o Brasil se torne o próximo epicentro da doença.
Os municípios que registram maior aprovação ao atual governo tiveram aumento na taxa de contágio da doença: 18,9% maior do que aquelas com menor apoio ao presidente, segundo dados coletados em março em 255 municípios. É o que revela um estudo das universidades da Carolina do Norte, nos Estados Unidos, e de Bocconi, na Itália, publicado na última sexta-feira (1º).
Segundo os especialistas, a alta na taxa de contaminação foi gerada não apenas pela aglomeração das manifestações em apoio ao governo e que aconteceram naquele mês mas também pelo relaxamento de seus apoiadores em relação às medidas de isolamento social.
Com informações do Wall Street Journal.
Foto: Roberto Moreyra / Agência O Globo