Home Saúde Brasil tem pior índice de meta para vacinas infantis pela 1ª vez em 20 anos

Brasil tem pior índice de meta para vacinas infantis pela 1ª vez em 20 anos Em geral, a meta de vacinação de bebês e crianças costuma variar entre 90 e 95%. Em alguns imunizantes, a redução chega a quase 30%.

8 de setembro de 2020, 18h01 | Por Letícia Horsth

by Letícia Horsth

Nenhuma das principais vacinas indicadas para crianças de até 1 ano atingiu a meta no Brasil pela 1ª vez em quase 20 anos. A situação ocorre em um contexto de cinco anos de queda nas coberturas vacinais, com redução de até 27% para alguns imunizantes. Os dados são do Programa Nacional de Imunizações de 2019, analisados pelo jornal Folha de S.Paulo.

A meta de vacinação de bebês e crianças, em geral, costuma variar entre 90% para vacinas de tuberculose e rotavírus e 95% para as demais. Abaixo desse número, há 1 forte risco do retorno de doenças já eliminadas ou aumento na transmissão daquelas que estão controladas.

Em 2019, nenhuma vacina atingiu a meta no grupo de bebês e crianças de até 1 ano completo. Em 2018, mesmo em queda, 3 das 9 principais vacinas para esse grupo atingiram o patamar ideal. O país já chegou a ter 7 vacinas com cobertura dentro da meta e as demais próximas desse cenário.

A vacina tríplice viral, que protege contra sarampo, teve o maior índice de cobertura de vacinação de rotina (91,6%). Já a pentavalente, que protege contra difteria, tétano e coqueluche, entre outras doenças, teve o menor registro (69%).

Os dados de 2019 mostram, na prática, que 8 das 9 vacinas indicadas para o grupo de até 1 ano tiveram queda de adesão.

Em 2015 começaram os primeiros sinais de queda na vacinação, sendo agravado em 2017, quando apenas uma vacina atingiu a meta indicada e as outras caíram. No ano seguinte, apesar da situação continuar grave, algumas vacinas tiveram leve recuperação, o que levou o Ministério da saúde a considerar uma possível reversão na tendência. No entanto, em 2019, a queda se manteve.

A situação pode se agravar ainda mais esse ano por causa da pandemia de covid-19, que pode ter levado famílias a evitar os postos de saúde.

O Ministério da Saúde prepara para outubro uma campanha de multivacinação na tentativa de retomar os índices. O órgão disse à Folha que a queda pode de 2019 pode estar ligada a “falsa sensação de segurança causada pela diminuição ou ausência de doenças imunopreveníveis; o desconhecimento da importância da vacinação por parte da população mais jovem e as falsas notícias veiculadas especialmente nas redes sociais sobre o malefício que as vacinas podem provocar à saúde”.

A pasta também disse que a vacinação segue normalmente, “respeitando as diretrizes e orientações de segurança para evitar o risco de transmissão da covid-19”.

Minas Gerais

Em Minas, nenhuma das metas de cobertura vacinal para crianças menores de 4 anos foi alcançada no estado neste ano. A informação é de um levantamento da Secretaria de Estado de Saúde.

A cobertura mais baixa, de 58%, é da segunda dose da vacina tríplice viral, que protege contra o sarampo, caxumba e rubéola. Em seguida vem a vacina contra a poliomielite, com alcance de pouco mais de 60% da população-alvo, tanto para a primeira dose quanto para o reforço. Em terceiro lugar vem a pneumocócica, com cobertura de pouco mais de 65%.

A vacina que tem maior cobertura, de 80%, é a DTP, que protege contra a difteria, tétano e coqueluche.

Para ampliar a cobertura vacinal, a pasta informou que tem feito reuniões com gestores dos municípios para alertar sobre os riscos da baixa adesão da população, além de promover a campanha Vacina Mais Minas Gerais, para conscientizar os mineiros sobre a importância da imunização.

A Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG) enfatiza que a vacinação evita o adoecimento da população, bem como o retorno de doenças já erradicadas. Mesmo com a pandemia, a população pode e deve procurar as unidades de saúde para se vacinar, mantendo os cuidados preventivos para evitar o contágio pelo coronavírus.

Foto: Freepik

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