Por G1
Março de 2021 foi o mês com o maior número de mortes no Brasil ao menos desde 2003, quando teve início a série histórica de óbitos dos cartórios. É o que mostram dados da Associação Nacional dos Registradores de Pessoas Naturais. Foram 139.406 mortes ocorridas no último mês por todas as causas, apontam os registros coletados até esta quinta-feira (1).
Os números ainda devem aumentar nos próximos dias, já que nem todas as mortes ocorridas em março foram registradas. Isso porque um registro de uma morte no sistema pode levar dias para ser contabilizado.
O segundo mês com mais mortes nos últimos 18 anos foi junho de 2020, quando morreram 139.365 pessoas, segundo dados do Portal da Transparência da Arpen.
Março também registrou recorde de mortes por Covid-19 desde o início da pandemia. Foram 66,8 mil óbitos, segundo dados do consórcio de veículos de imprensa.
“Neste momento de extrema dificuldade que estamos vivendo poder proporcionar as informações de óbitos no Brasil de forma imediata, aberta e transparente a toda sociedade e aos órgãos públicos é essencial para que as autoridades possam planejar suas ações e a população possa ter a real dimensão dos perigos desta doença”, explica Gustavo Renato Fiscarelli, presidente da Arpen-Brasil.
Excesso de mortes por causas naturais
Os dados reforçam um excesso de mortes naturais já apurado no país.
“Se você olhar para março de 2020, verá que foram registrados 108 mil óbitos por causas naturais no país [segundo o Conass]. Era o início da pandemia. Se olhar para março de 2021, os registros aumentam para 148 mil óbitos. Não se morrem 40 mil pessoas a mais em um único mês por causas naturais em anos sem pandemia. Isso é o excesso causado direta e indiretamente pela Covid”, explica o cientista de dados Isaac Schrarstzhaupt.
“Com certeza março de 2021 foi o mês mais mortal por causa da pandemia. Não houve nenhuma catástrofe que explicasse um salto tão grande de óbitos, nenhum outro causador [entre 2003 e 2021]”, diz Schrarstzhaupt.
O Brasil teve, no ano passado, 22% a mais de mortes por causas naturais do que o que era esperado, aponta um levantamento feito pelo Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass). O estudo, realizado pela organização global de saúde Vital Strategies, aponta que houve 275.587 mortes a mais no ano passado do que o que era esperado.
Foto: Lucas Amorelli/picture alliance/Getty Images