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China ignora pedidos de Bolsonaro por troca de embaixador no Brasil Em 2020, Presidente pediu ao regime chinês a troca de seu embaixador no Brasil, Yang Wanming, depois de bate-boca com Eduardo Bolsonaro

15 de fevereiro de 2021, 17h57 | Por Redação ★ Blog do Lindenberg

by Redação ★ Blog do Lindenberg

Por Metrópoles

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) pediu ao regime chinês, em abril do ano passado, a troca de seu embaixador no Brasil, Yang Wanming. A medida foi reiterada em novembro, após novos bate-bocas via redes sociais entre o diplomata e o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP).

Entretanto, Pequim ignorou a solicitação brasileira nas duas ocasiões.

Segundo o jornal Folha de S.Paulo, o chanceler brasileiro Ernesto Araújo tomou as dores do filho do presidente Bolsonaro e rompeu relações com Yang. As portas da divisão do Itamaraty responsável por Ásia e Pacífico também estão fechadas, de acordo com pessoas próximas ao embaixador.

“Substitua a usina nuclear pelo coronavírus e a ditadura soviética pela chinesa. Mais uma vez uma ditadura preferiu esconder algo grave a expor tendo desgaste, mas que salvaria inúmeras vidas”, escreveu o deputado.

O embaixador chinês classificou a fala de Eduardo de “insulto maléfico”, e o perfil oficial da embaixada veiculou uma publicação que acusa o deputado de ter contraído um “vírus mental”.

Após o embate, o governo brasileiro formalizou o pedido de troca do embaixador, o que gerou apreensão entre diplomatas no Itamaraty, de acordo com a Folha.

A solicitação foi ignorada. Procurado, o Itamaraty não se manifestou sobre o tema.

Novos ataques

O episódio não impediu o deputado de fazer novos ataques ao país asiático. Em novembro, Eduardo acusou a China de promover a espionagem industrial via equipamentos 5G. O comentário ocorreu em um momento em que os Estados Unidos criticavam fortemente a atuação da Huawei, gigante chinesa de telecomunicações.

Yang reagiu, e naquele mês o Itamaraty solicitou novamente a troca.

Os pedidos formais de substituição de Yang foram secretos, mas uma carta enviada por Ernesto à embaixada da China em Brasília mostrou a insatisfação do governo Bolsonaro com o diplomata chinês.

“Não é apropriado aos agentes diplomáticos da República Popular da China no Brasil tratarem dos assuntos da relação Brasil-China através das redes sociais. Os canais diplomáticos estão abertos e devem ser utilizados”, afirmou o Itamaraty na carta, encaminhada em novembro.

A China não respondeu oficialmente sobre os pedidos de troca de Yang. No entanto, Pequim fez chegar a autoridades brasileiras a informação de que seu embaixador no Brasil é um quadro conceituado do serviço público chinês.

Autorização

Um integrante do governo Bolsonaro argumenta que as declarações de Yang foram aprovadas pelas autoridades em Pequim, que têm instruído os diplomatas no exterior a responder à altura diante de manifestações consideradas ofensivas ao regime.

A solicitação de substituição do embaixador foge da praxe diplomática. O gesto de expulsão do país de diplomatas estrangeiros é considerado extremado e com o potencial de prejudicar as relações bilaterais.

Caso Bolsonaro tivesse optado por essa segunda medida, a resposta inevitável seria a expulsão do embaixador brasileiro de Pequim, escalando a crise diplomática com o maior parceiro comercial do Brasil.

Liberação de insumos para vacinas

Quando o presidente Bolsonaro foi obrigado a procurar a China sobre a liberação de insumos para a fabricação da vacina contra o coronavírus, o constrangimento entre Ernesto e o embaixador chinês ficou mais evidente.

O Palácio do Planalto tentou, até o último momento, garantir a importação de imunizantes prontos da Oxford/AstraZeneca fabricados em um laboratório na Índia.

Entretanto, diante do fracasso das negociações com a Índia , acabou sofrendo um revés político para o governador de São Paulo João Doria (PSDB), que negociou diretamente com um laboratório da China a compra da Coronavac.

Apesar de publicamente elogiar a atuação de Ernesto, outros ministros entraram em jogo para tentar salvar a relação do Brasil com seu principal parceiro comercial. Fazem parte dos esforços os ministros Eduardo Pazuello (Saúde), Tereza Cristina (Agricultura) e Fábio Faria (Comunicações).

O vice-presidente da República, general Hamilton Mourão (PRTB), que preside a Comissão Sino-Brasileira de Alto Nível de Concertação e Cooperação (Cosban), não foi convidado para ajudar nessa atuação. Bolsonaro parou de delegar ao vice tarefas no governo e os dois vivem seu pior momento na relação.

Foto: Isac Nóbrega/PR

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