Por G1
Após ter feito postagens em uma rede social em defesa de uma manifestação a favor do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), Aleksander Lacerda, comandante da Polícia Militar, foi afastado por indisciplina (veja mais no vídeo acima). A decisão de afastar o comandante, que estava a frente do Comando de Policiamento do Interior (CPI) 7, em Sorocaba (SP), foi informada por João Doria (PSDB), governador de São Paulo, à rádio CBN, nesta segunda-feira (23).
De acordo com uma reportagem do jornal “O Estado de S. Paulo”, Aleksander convocou militantes e atacou o Supremo Tribunal Federal (STF) nas publicações.
A Polícia Militar informou que o coronel Aleksander Toaldo Lacerda foi afastado das suas funções e que será convocado pelo Comando da corporação.
“A Corregedoria da instituição, que é legalista e tem o dever e a missão de defender a Constituição e os valores democráticos do país nela expressos, analisa as manifestações recentes do oficial, que foi convocado ao Comando Geral para prestar esclarecimentos”.
O afastamento acontece no dia em que governadores, incluindo Doria, se reúnem para debater, entre outros pontos, a defesa da democracia e a escalada da crise entre os poderes.
Nesta sexta-feira (20), o ministro do STF Alexandre de Moraes autorizou mandados de busca e apreensão contra o deputado federal Otoni de Paula (PSC-RJ) e o cantor Sérgio Reis. A ação que investiga incitação a atos violentos e ameaçadores contra a democracia. Em áudio vazado anteriormente, Sérgio Reis defendeu a paralisação de caminhoneiros para pressionar o Senado a afastar STF.
Em resposta, Bolsonaro, então, apresentou um pedido de impeachment contra Moraes, o que foi rapidamente repudiado pelo STF, que divulgou nota (leia aqui). Em solidariedade a Moraes, dez partidos também emitiram notas reafirmando o compromisso com a manutenção da democracia.
Corporação proíbe atos
O regulamento da corporação da Polícia Militar proíbe policiais de participarem ou promoverem atos político-partidários.
“Aos militares do Estado da ativa são proibidas manifestações coletivas sobre atos de superiores, de caráter reivindicatório e de cunho político-partidário, sujeitando-se as manifestações de caráter individual aos preceitos deste Regulamento”, diz um trecho do regulamento.
O CPI-7 compreende sete batalhões da Polícia Militar de São Paulo, o que representa cerca de 5 mil policiais em 78 municípios da região de Sorocaba. Ele é formado pelos seguintes Batalhões da Polícia Militar do Interior: 7º BPM/I (Sorocaba), 12º BPM/I (Botucatu), 22º BPM/I (Itapetininga), 40º BPM/I (Votorantim), 50º BPM/I (Itu), 53º BPM/I (Avaré) e 54º BPM/I (Itapeva).
Outros ataques no post
Ainda conforme a reportagem do “Estado de S. Paulo”, Aleksander também criticou o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, por não dar prosseguimento no pedido de impeachment feito pelo presidente contra o ministro Alexandre de Moraes.
O governador de São Paulo e o ex-presidente da Câmara Rodrigo Maia, que agora é secretário de Projetos e Ações Estratégicas estadual, também foram atacados por Aleksander.
“Aqui no estado de São Paulo não teremos manifestações de policiais militares na ativa de ordem política. São Paulo tem a melhor Polícia Militar do país, a mais bem treinada, a mais bem equipada. São Paulo tem orgulho da Polícia Militar e do seus policiais e do seus colaboradores. E também do seu comando da Polícia Militar na figura do coronel Alencar”, disse Doria no Instituto Butatan, durante liberação de um novo lote de CoronaVac para o Ministério da Saúde.
“E nós aqui, conjuntamente, não admitiremos nenhuma postura de indisciplina como foi feita pelo coronel Aleksander, e agora ele está afastado da Polícia Militar a partir desta manhã.”
Ao blog do Valdo Cruz, Doria disse que “indisciplina não será admitida na PM que respeita suas regras e suas funções” (veja mais no vídeo abaixo).
O governo de São Paulo liberou a realização apenas de atos favoráveis ao governo federal na Avenida Paulista no dia 7 de setembro. Segundo a Secretaria da Segurança Pública (SSP), a medida segue o estabelecido pelo Ministério Público em 2020 após acordo entre os grupos opositores, e prevê rodízio de manifestações pró e contra o presidente Jair Bolsonaro (sem partido).
Foto: Reprodução