A família Bolsonaro teve duas boas notícias nessa terça-feira. Em Brasília, na solidão das férias forenses, o ministro Dias Toffoli fez uso de sua prerrogativa como titular do plantão na presidência do Supremo Tribunal Federal e suspendeu as investigações contra o senador Flávio Bolsonaro, uma medida sempre recusada pelas instâncias inferiores, mas que caiu para Dias Toffoli em plenas férias forenses. A decisão, tida como temporária, mas que só voltará à pauta do Supremo em setembro ou outubro na verdade suspende todas as informações originadas do Coaf compartilhados com a Receita Federal, paralisando todas as investigações não só do senador, mas de todos os casos em que o Coaf compartilhou as informações sem a autorização da Justiça. Fabrício Queiroz, ex-assessor do senador e a partir de cuja movimentação financeira o Coaf levantou a suspeita de que algo errado poderia estar acontecendo no gabinete do então deputado Flávio Bolsonaro, também foi beneficiado pela decisão do ministro Dias Toffoli que, não por acaso, vinha atuando na mediação dos conflitos entre o presidente Jair Bolsonaro e o deputado Rodrigo Maia, presidente da Câmara dos Deputados. O chefe da lava jato no Rio de Janeiro, Eduardo El Hage, disse que a decisão de Toffoli abre aspas é um retrocesso sem tamanho fecha aspas por que na verdade ela paralisa quase todos os inquéritos de lavagem de dinheiro no país.
Uma outra decisão que agradou certamente a família Bolsonaro foi a anunciada pelo presidente da República, que bateu o martelo ontem e disse que para ele o caso está encerrado, isto é, a família agora terá um embaixador – a depender aí da água que ainda vai passar debaixo da ponte. O que o presidente disse é que pra ele está decidido, o deputado Eduardo Bolsonaro, será formalmente indicado para ser o embaixador do Brasil nos Estados Unidos, quebrando com isso todos os parâmetros para a indicação de um representante brasileiro na maior e mais complexa embaixada brasileira no mundo. Para Bolsonaro, o que resta agora são uma consulta ao governo americano – que já concordou, claro – e a passagem do mais novo provável diplomata pelas comissões de Constituição e Justiça e das Relações Exteriores do Senado, onde não parece que o deputado terá vida fácil. O que é de perguntar é se o presidente da República não teria pavimentado o trânsito do seu filho no Senado, antes de anunciar a medida, até por que uma derrota de Eduardo não será tratada apenas como a derrota de um presumível candidato à diplomacia, mas como uma derrota do próprio pai, o presidente da República, que o está indicando, como disse, rompendo todos os parâmetros da diplomacia brasileira. E é um caso tão complexo que não será surpresa se não for parar no Supremo Tribunal Federal. Mas foram ou não foram duas boas notícias para a família Bolsonaro numa só semana? O senador livre de investigações e o deputado provável embaixador.