Home Comentários O vice apareceu e coloca o cargo à disposição de Bolsonaro no caso de reeleição

O vice apareceu e coloca o cargo à disposição de Bolsonaro no caso de reeleição

15 de julho de 2019, 21h08 | Por Carlos Lindenberg

by Carlos Lindenberg

Em silêncio há mais de dez dias, pelo menos, e quando muitos já se preocupavam com esse sumiço, eis que hoje, segunda-feira, o vice-presidente, general Hamilton Mourão, falou. E falou como gosta de falar: com franqueza. A propósito, há quem não goste das falas do vice-presidente. O presidente Bolsonaro, por exemplo, teve algumas trombadas com o seu vice – e na vida militar, superior hierárquico – mas nada que os levasse a um rompimento. Algum bombeiro interveio e as coisas se acalmaram.

Mas ontem, o general Mourão resolveu abordar três temas atualíssimos. O primeiro, e não por ordem de importância, ele abriu mão de uma eventual reeleição, deixando o presidente Bolsonaro à vontade. “Se ele quiser que eu continue, tudo bem. Caso contrário, não há problema algum” disse o vice-presidente. Mourão não comentou, mas corre nos meios políticos que o presidente Bolsonaro, que já se lançou à reeleição, com menos de seis meses de governo, coisa nunca vista para quem está num dos mais baixos índices de popularidade dos últimos presidentes eleitos, que ele poderá substituir o vice Hamilton Mourão por alguém do meio evangélico, de fato o único estamento político que o apoia faça chuva ou faça sol. Está lançada uma caça ao vice ideal de Bolsonaro, se ele continuar com essa ideia de tentar disputar a reeleição.

Mourão falou mais. E defendeu a necessidade de uma reforma política, para ele tão importante como a reforma da Previdência, em andamento. Para Mourão, no Congresso há 26 partidos. Desses, apenas dois tem mais de 50 deputados. Em torno de sete tem entre 30 e 40 e o restante são partidos com dez ou oito parlamentares. “Então, não é fácil lidar com essa fragmentação”, disse Mourão. Para o vice-presidente os partidos deixaram de representar o pensamento da sociedade como um todo e sugere que uma reforma política deveria reduzir o número de partidos para cinco ou sete. É uma opinião. Há quem apoie ou discorde. Por que cinco ou sete apenas? Também 26 pode ser um exagero. E o pior é que há mais de 30 registrados no Tribunal Superior Eleitoral. Mourão vai além e sugere também a adoção do voto distrital “para baratear a eleição”. O vice-presidente não pode querer com a introdução do voto distrital apenas baratear a eleição. Na verdade, os defensores do distrital acham que além de a eleição ficar mais barato, esse tipo de voto põe o eleitor mais em contato com o seu parlamentar e pode cobrar mais trabalho dele. Não é só isso, claro. Há mais razões para justificar o voto distrital, além do que há mais de um tipo de voto distrital. Mas para quem estava com saudades do general Mourão e já preocupado com o seu silêncio,  o vice apareceu.

 

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