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O senado arma ou desarma?

18 de junho de 2019, 19h01 | Por Carlos Lindenberg

by Carlos Lindenberg

O Senado pode votar ainda hoje o decreto do presidente Bolsonaro que autoriza a posse e o porte de arma para quem tiver bom comportamento e fizer um curso de tiro. Em linhas gerais é isso o que o decreto presidencial, que pode estar sendo votado esta noite no Senado, define para quem quiser entrar numa loja e comprar uma arma. E é isso o que o plenário do Senado está votando, desde que a CCJ aprovou um parecer para suspender os efeitos desse decreto. Ou seja, se o parecer da CCJ for aprovado, ele será enviado à Câmara. E se for rejeitado, o decreto será arquivado.

Hoje o presidente Bolsonaro aproveitou o lançamento do programa Safra 2019/2020 no Palácio do Planalto para pedir aos senadores que “não deixem o decreto morrer”. O parecer da CCJ que suspende o decreto do presidente é o primeiro item da pauta, mas enquanto isso os senadores estão votando indicação de embaixadores num lenga-lenga dos mais chatos. Esse decreto, está sendo criticado por toda parte e é alvo até de ação no Supremo. Se o decreto passar no Senado, ele será enviado à Câmara dos Deputados. É esse decreto que permite não só a posse, mas também o porte de armas e privilegia diversas categorias profissionais e patronais,entre eles jornalistas. O presidente usou o lançamento do Safra 2019/2020 para fazer o apelo aos parlamentares que lá estavam porque o auditório estava lotado de ruralistas, a maioria, claro, defensores da posse e alguns até do porte de armas. Ao invés de armar a população, o presidente faria melhor se aparelhasse as polícias militares para que elas possam fazer essa segurança, sem onerar mais os produtores rurais que estão mantendo, em alguns lugares, guardas particulares armados ou enchendo suas fazendas de câmeras de maneira que possam ter uma visão diurna e noturna da propriedades com acompanhamento on line. A Polícia Militar até que tenta, mas não tem estrutura para isso e quando chega o roubo já aconteceu. O governador de Minas, Romeu Zema, entrevistado na campanha pela BHnews, prometeu desenvolver um projeto nesse sentido, para maior segurança das propriedades rurais, mas ficou só na promessa.

Em tempo: saiu agora o resultado da lista tríplice para a sucessão da Procuradora Geral da República Raquel Dodge. O mais votado foi o sub -procurador geral Mario Bonsaglia, que tem ainda Luiza Fricheinsen e Blal Daloul. O problema é o seguinte: os ex-presidentes Lula e Dilma escolhiam os mais votados pelos procuradores da República, respeitando assim a vontade deles. E sempre nomearam o que ganhasse o primeiro lugar, por óbvio, Mas, na verdade, o presidente da República pode escolher um nome que não esteja na lista tríplice. A pergunta é: Bolsonaro vai escolher o mais votado, como faziam Lula e Dilma? Vai escolher um outro nome da lista ou vai buscar alguém de sua preferência fora da lista? A essa hora já deve ter gente fazendo suas apostas.

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