Já passava de sete horas de depoimento e o ministro Sérgio Moro continuava sua peroração na comissão conjunta da Câmara dos Deputados onde foi para prestar esclarecimentos sobre o que o site The Intercept Moro insiste em não reconhecer autenticidade do que denuncia o The Intercept Brasil Brasil vem publicando desde o dia 9, já agora num pool com a Folha de São Paulo e a revista Veja. Por mais que a oposição aperte e até ofenda, o ministro insiste: não reconhece o que o site de Glen Greenwald vem publicando e mesmo que apareça alguma coisa que possa reconhecer no futuro não vê “ilicitude” no que fez enquanto era juiz da 13ª Vara de Curitiba e juízo original da operação lava jato. Ou seja, Moro não fez nada de errado nem se cumpliciou com os procuradores para forçar a condenação do ex-presidente Lula.
Isso foi assim o tempo todo. E a oposição em cima. Moro pode até não ter fugido do script mas também teve que ouvir o que certamente ele não esperava ouvir por muito tempo. Ninguém chegou a ofendê-lo diretamente, muito menos desacatá-lo, mas por mais de sete ou oito horas ouviu que agiu em “conluio” com os procuradores para condenar Lula e tirá-lo da corrida presidencial, quando o ex-presidente era o único capaz de derrotar Bolsonaro, segundo as pesquisas da época. Como contrapartida, o ministro ouviu muitos elogios, mas numa hora dessas o que fica é o xingatório e não as palmas que, também se sabe, são feitas para abafar o ruído das pancadas. Mas foi Moro quem se dispôs a ir à Câmara, assim como se dispôs também a ir ao Senado há poucos dias. De tudo fica a impressão de que Moro estava treinado para ir a Câmara, tanto que não saiu do script que lhe deram, assim como é certo que o The Intercept vai continuar pegando no pé dele – ainda mais agora que a mando de Moro a Polícia Federal está levantando as movimentações financeiras de Greenwald, o que só vai piorar a situação do ministro dadas as ligações internacionais do dono do The Intercept Brasil que ontem mesmo já fez o seu primeiro post usando o tuiter.
