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Comentário da Tarde

2 de julho de 2019, 16h52 | Por Carlos Lindenberg

by Carlos Lindenberg

Enquanto Sérgio Moro fala, o presidente Bolsonaro exibe o general ao seu lado.

O ministro Sérgio Moro, da Justiça e Segurança Pública, começou há pouco o seu depoimento a três comissões da Câmara dos Deputados. Isso vai demorar. Houve deputado que madrugou para se inscrever na fila de perguntas ao ex-magistrado. A reunião está apinhada. Como disse, vai demorar.

Mas se o depoimento vai demorar o que não pode passar em branco é o ataque do vereador Carlos Bolsonaro, do Rio de Janeiro, filho do presidente Jair Bolsonaro, a uma das figuras mais emblemáticas do governo: o general  Augusto Heleno, ministro do Gabinete de Segurança Institucional, não por acaso talvez o homem de confiança do presidente da República. Sem citar o nome do ministro, como sempre usando as redes sociais, o vereador levantou suspeitas sobre a conduta do general no caso da cocaína apreendida na Espanha, num dos aviões presidenciais, o reserva – vão sempre dois aviões quando o presidente da República viaja.

“Por que acha que não ando com seguranças? Principalmente daqueles oferecidos pelo GSI”? escreveu o vereador em resposta no Instagram. E continuou: “sua grande maioria podem (!) ser até homens bem-intencionados e acredito que seja, mas estão subordinados a algo que não acredito. Tenho gritado em vão há meses internamente e infelizmente sou ignorado”, insiste o vereador Carlos Bolsonaro. Esse disparo ganhou grande repercussão nas redes sobretudo pelos personagens envolvidos – o filho do presidente, a quem ele mais ouve, e o general Heleno. Esse atrito entre os filhos do presidente e os militares que estão no governo parece ser mais uma artimanha do escritor Olavo de Carvalho que, dos Estados Unidos, parece controlar a cabeça dos três filhos do presidente Jair Bolsonaro. E com algum êxito. Em junho, um dos alvos de Olavo de Carvalho, o general Carlos Alberto Santos Cruz foi demitido da secretaria Geral da Presidência. O que se especula é que a briga interna é pela disputa da secretaria de Comunicação, onde se concentram as verbas publicitárias do governo federal.

Para mostrar que a briga pode ser familiar, mas não atinge o governo, o presidente Bolsonaro fez questão de falar com os jornalistas nesta terça-feira tendo ao seu lado o general Heleno. Quando alguém perguntou ao presidente sobre as mensagens do seu filho, Carlos, ele encerrou a entrevista. Os jornalistas então perguntaram ao general se ele comentaria o episódio e obtiveram uma única resposta: -eu não.

 

 

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