Por CNN
A convocação do ministro foi proposta pelos deputados Kim Kataguiri (DEM-SP) e Paulo Ramos (PDT-RJ). Como foi convocado, Guedes é obrigado a comparecer à comissão, mas a data da audiência ainda não foi marcada.
“É possível, em tese, que ele tenha feito investimentos que se provaram rentáveis devido às informações que ele naturalmente possui enquanto ministro de Estado ou, pior, que possa ter influído a política fiscal, monetária, creditícia ou cambial do país para tornar seus investimentos rentáveis”, disse Kataguiri.
Já Paulo Ramos disse que “não está claro qual foi a atividade de sua offshore, nem como está sendo gerida desde sua nomeação no ministério”.
PGR e Senado também querem explicações
Além da convocação na Câmara, a Comissão de Assuntos Econômicos do Senado aprovou, também nesta terça-feira, um convite para Guedes e o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, que terão de explicar suas contas em paraísos fiscais.
Inicialmente o pedido de autoria do senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE) era de convocação, ou seja, de comparecimento obrigatório. Ao longo da sessão, após pressão de senadores governistas, o documento foi transformado em convite.
O líder do governo no Senado, Fernando Bezerra (MDB-PE), encabeçou a defesa do governo e afirmou a comissão que o presidente do Banco Central e o ministro da economia já haviam informado a existência de contas offshore, mas que “não fizeram qualquer movimentação ou transferência de recursos para contas no exterior” desde que tomaram posse nos respectivos cargos.
O senador Flávio Bolsonaro (Patriota-RJ), que inicialmente se posicionou contrário à convocação, defendeu que outros assuntos também sejam abordados na presença do ministro da economia, entre eles, a tramitação da reforma do Imposto de Renda, que está em fase de audiências públicas na CAE.
Nesta segunda-feira, o procurador-geral da República, Augusto Aras, disse à CNN que vai pedir informações ao ministro e a Campos Neto sobre o assunto.
Apesar da prática, em um primeiro momento, não ser considerada ilegal, abre questionamentos sobre a transparência dos negócios.
Ações na pandemia
Minutos antes da aprovação do convite no Senado, o vice-presidente da CPI da Pandemia, senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), defendeu que Guedes também seja questionado sobre as ações da pasta durante a pandemia. O ministro voltou ao radar da CPI na última semana, após depoimento de Bruna Morato, advogada de médicos que trabalhavam para a Prevent Senior.
Na avaliação do grupo majoritário, a oitiva trouxe elementos que indicam proximidade do ministro da Economia com o “gabinete paralelo”, grupo investigado por supostamente influenciar decisões do governo sobre a crise sanitária. Um depoimento de Guedes na CPI chegou a ser discutido entre os senadores, mas acabou sendo dispensado diante da necessidade de encerramento dos trabalhos.
Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil