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COVID-19: ‘Nenhum remédio até agora tem eficácia comprovada’, diz CRM-MG Decisão sobre uso de fármacos sem eficácia cientificamente comprovada é questão de autonomia médica, diz presidente do CRM-MG, Cibele Carvalho

12 de fevereiro de 2021, 17h40 | Por Redação ★ Blog do Lindenberg

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Por Estado de Minas

Seja para tratamento precoce ou aplicação em fases mais avançadas da infecção pelo coronavírus, alguns remédios, com indicações para outras doenças corriqueiras, estão sendo recomendados para o enfrentamento da COVID-19, ainda que sem resultados conclusivos quanto à eficácia, segurança ou efeitos colaterais relacionados especificamente ao uso contra o coronavírus.

Na lista, estão, entre outros, ivermectina, cloroquina e hidroxicloroquina, dexametasona, azitromicina, heparina, corticoides, plasma, anticorpos monoclonais, remdesivir, além de antivirais aplicados para controle do HIV.

Como explica a presidente do Conselho Regional de Medicina do Estado de Minas Gerais (CRM-MG), Cibele Alves de Carvalho, são chamados remédios de uso off label aqueles que se destinam na bula para algum tipo de tratamento, e que começam a ser utilizados para outros fins, como no caso de sintomas que podem ser desdobramentos de uma determinada patologia.

É o que acontece, por exemplo, com os quadros inflamatórios relacionados à COVID-19, além do acometimento dos pulmões.

Isso pode começar a acontecer depois que se observa, ocasionalmente, algum tipo de benefício no sentido de um possível efeito antes não considerado ou previsto. É o que ocorre com a ivermectina, a cloroquina e a hidroxicloroquina para controle da COVID-19.

“Não há comprovações para uso clínico pelas autoridades médicas e sanitárias. Na verdade, para o coronavírus, nenhum remédio até agora tem eficácia cientificamente comprovada”, diz.

Em relação aos fármacos na lista contra a COVID, Cibele lembra que podem até funcionar para melhorar algum sintoma, mas não eliminam o vírus em si.

“Determinada medicação pode ser usada para melhorar o manejo clínico, mesmo que não se destine especificamente àquela doença”, explica. Não há estudos científicos robustos até agora, continua, atestando se tal remédio funciona, se não funciona, se piora o quadro de saúde ou se não faz diferença nenhuma – e essa é uma linha tênue.

“Estamos vivendo uma guerra contra uma doença completamente desconhecida, com desdobramentos ainda a se descobrir”, pontua.

Segundo ela, ainda que em caminhos que a princípio possam parecer equivocados, tudo faz parte de um esforço conjunto, em nível mundial, para a melhora, freando o avanço da pandemia, ou na tentativa, individualmente, de evitar que o paciente evolua para a morte. “O mundo inteiro está correndo atrás de um remédio que mate o vírus”, diz.

Decisão tomada com o paciente

Sobre os posicionamentos divergentes entre médicos que prescrevem ou não determinadas drogas para a COVID-19, Cibele explica que a posição do conselho de medicina é respeitar os dois lados, entendendo a relação médico-paciente, os princípios da ética médica e a autonomia do profissional em direcionar o tratamento.

É inclusive o que preconiza o Conselho Federal de Medicina, que recomenda que cada médico faça a prescrição conforme suas próprias convicções, uma decisão tomada em conjunto com o paciente.

“Quando você está com um paciente na sua frente, com um quadro de saúde potencialmente grave, a responsabilidade é do médico. Em momento algum pode ser culpabilizado por prescrever uma medicação, mesmo que seja off label. Isso é a sua autonomia. É ele quem avalia o que é melhor para o paciente. E o paciente tem que estar ciente de tudo e também bancar os riscos”, afirma.

‘Vacinação é questão de saúde pública’

Sobre a gestão da pandemia, tanto no Brasil como um todo, como em espectro local, de estados e municípios, para Cibele não tem que haver críticas. “Todos estamos tentando acertar, e erros sempre vão acontecer. É o mesmo que precisar trocar a turbina do avião com o avião voando.”

Nesse ponto, no entanto, segundo a médica, há que se melhorar a gestão sobre a distribuição vacinal, com controle do início ao fim, não só de entrega de imunizantes, mas na aplicação. Haja visto, principalmente, os diversos descumprimentos que, infelizmente, vêm ocorrendo. “É uma questão de saúde pública, não cabem decisões políticas.”

Cibele reforça que a vacina é a única esperança no controle da pandemia. “Não estamos usando de forma completamente tranquila, mas tem que usar, é o que temos de palpável. Ainda assim, continuar mantendo o distanciamento, as máscaras, o álcool em gel, as medidas de higiene. Combater as fake news é outra frente importante”, pondera.

Conforme Cibele, a expectativa é de que, a partir da segunda quinzena de fevereiro, a produção interna da vacina no Brasil esteja estabelecida, inclusive com a perspectiva de abertura de novos laboratórios.

Foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press

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