A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid ouve nesta quinta-feira (13), às 9h, o gerente-geral da farmacêutica Pfizer na América Latina, Carlos Murillo. Ele comandava a representação brasileira da empresa farmacêutica norte-americana quando se iniciaram as negociações com o governo brasileiro para aquisição de 70 milhões de doses da vacina contra o Coronavírus produzida pela farmacêutica.
Os senadores querem que ele fale sobre as negociações para venda de vacinas contra a Covid-19 para o Brasil.
Atualmente, Murillo ocupa a função de CEO da farmacêutica para a América Latina. No Brasil, ele foi substituído por Marta Díez, que também foi convidada a prestar esclarecimentos na CPI. No entanto, ela está fora do país e não será ouvida hoje.
Em depoimento á CPI, o ex-secretário de Comunicação Social do governo, Fábio Wajngarten, confirmou que o contato da Pfizer com autoridades brasileiras se deu no dia 12 de setembro, por meio de carta oficial endereçada á cúpula do governo e do Ministério da Saúde.
Murillo, que será ouvido na condição de testemunha, vai ser o sexto depoente da comissão no Senado Federal que investiga as posturas e falas do Governo Federal durante a pandemia, e eventual desvio de verbas federais.
Ontem (12), Fábio Wajngarten , falou do encaminhamento da Pfizer ao governo brasileiro em setembro do ano passado no qual a carta se disponibilizava a “fazer todos os esforços” para garantir doses das vacinas para a população brasileira.
A resposta ao documento teria sido dada apenas dois meses depois.
A comissão quer confirmar com o representante da Pfizer as informações obtidas no depoimento do ex-secretário de comunicação.
Além de Wajngarten e Murillo, já prestaram depoimento os ex-ministros da Saúde Luiz Henrique Mandetta e Nelson Teich ; o atual ministro da pasta, Marcelo Queiroga ; o presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Antonio Barra Torres .
Pazuello e Mayra Pinheiro
A CPI também pode aprovar nesta semana novos requerimentos. Entre eles, o pedido de Randolfe que solicita ao ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello o resultado de exame para detecção do coronavírus.
Também deve ser votada a convocação de Mayra Pinheiro, secretária de Gestão do Trabalho no Ministério da Saúde. Ela é conhecida por sua posição favorável ao chamado “tratamento precoce” contra a covid-19, que inclui medicamentos que não tem comprovação científica quanto ao tratamento para essa doença.
Investigação de fake news
Outro novo foco da CPI deve ser a questão da disseminação de fake news relacionadas à covid-19.
Requerimentos pedem que a Secretaria de Comunicação Social (Secom) do governo federal e a Assessoria de Comunicação Social (Ascom) do Ministério da Saúde enviem documentos, comunicações e informações sobre diversos canais no YouTube durante o período de 2020 a 2021.
Randolfe Rodrigues menciona, em um desses requerimentos, que, desde a abertura da CPI da Pandemia, “canais de apoiadores do bolsonarismo no YouTube têm promovido uma limpa de vídeos sobre tratamento precoce da sua base de vídeos. Levantamento da Novelo Data a pedido do Congresso em Foco identificou que, entre o dia 14 de abril e 6 de maio, 385 vídeos de 34 canais, tratando de tratamento precoce, sumiram do ar”.
“Guerra biológica”
Também podem ser aprovados pedidos de informações à Agência Brasileira de Inteligência (Abin) e ao Itamaraty, sobre declarações de Jair Bolsonaro nas quais o presidente afirma que existe a possibilidade de estar em curso uma guerra não declarada, promovida por nação estrangeira, por meio de “guerra química, bacteriológica e radiológica”.
Os senadores também podem aprovar o envio, pelo Itamaraty, de documentos, telegramas e informações sobre a obtenção de cloroquina e hidroxicloroquina para o Brasil, seja por meio de compra do governo ou por empresas, doações, liberação de remessas ou qualquer outra modalidade. Esses requerimentos também pedem ao Itamaraty cópias de telegramas ou outras comunicações para embaixadas brasileiras no exterior, organismos internacionais ou empresas que tratem de agilização ou intervenção no processo de compra, importação ou fornecimento de medicamentos supostamente indicados para o tratamento da covid-19 e vacinas contra essa doença.
Com Agência Senado
Foto: Reprodução/Panorama Farmacêutico