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De cocar, Bolsonaro recebe no Ministério da Justiça a medalha do mérito indigenista Decisão de homenagear o presidente partiu do ministro da Justiça e já havia sido publicada no 'Diário Oficial'. Só que entidades indígenas afirmam ser uma 'afronta' Bolsonaro ser agraciado com medalha que deveria ir para quem protege os povos originários.

18 de março de 2022, 11h51 | Por Redação ★ Blog do Lindenberg

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Por G1

O presidente Jair Bolsonaro vestiu um cocar nesta sexta-feira (18) para receber, em cerimônia no Ministério da Justiça, a medalha do mérito indigenista.

A medalha é uma honraria criada em 1972, para homenagear as personalidades que se destacam pela proteção e promoção dos povos indígenas brasileiros.

No “Diário Oficial da União” de quarta-feira (16), já havia sido publicado que Bolsonaro está na lista dos agraciados deste ano. A premiação é definida pelo ministro da Justiça, Anderson Torres.

No discurso no evento, Bolsonaro se dirigiu a indígenas presentes. Ele agradeceu o cocar oferecido e disse que o homem branco e o indígena a “cada vez mais” se transformam “em iguais”.

“Me sinto muito feliz com este cocar graciosamente ofertado. Somos exatamente iguais. Todos nós viemos à terra pela graça de Deus. Em cada vez mais nos transformamos em iguais. Isso não tem preço. O que nós sempre quisemos foi fazer com que vocês se sentissem exatamente como nós”, afirmou o presidente.

Bolsonaro também voltou a argumentar que os indígenas estão mais integrados à sociedade. O presidente disse ainda que deseja que os indígenas “façam em suas terras exatamente o que nós fazemos nas nossas”. Ele não citou a mineração e produção de grãos, mas essas são duas atividades que o presidente sempre defende que possam ocorrer em terras indígenas.

Também receberam a medalha no evento desta sexta líderes indígenas, o presidente da Fundação Nacional do Índio (Funai) e ministros do governo, como Bruno Bianco (AGU), Augusto Heleno (GSI) e Luiz Eduardo Ramos (Secretaria de Governo).

Condecoração contestada

A escolha de Bolsonaro para receber a medalha não foi bem recebida entre entidades e associações representativas dos povos indígenas.

Isso porque, ao longo do mandato, o presidente tem tomado decisões que são vistas como prejudiciais para a cultura e segurança dos povos indígenas (veja uma lista mais abaixo).

O blog do Octavio Guedes lembrou que, quando era deputado, Bolsonaro disse que a cavalaria brasileira foi incompetente por não ter dizimado os indígenas.

No dia em que saiu a condecoração no “Diário Oficial”, a líder indígena Sônia Guajajara, coordenadora-executiva da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), afirmou que a homenagem a Bolsonaro é uma afronta.

“É claro que é uma afronta total ao movimento indígena, ao ato pela terra, a tudo que a gente está fazendo para contrapor todas essas maldades desse governo”, afirmou Guajajara.

Ela disse também que a Apib vai contestar a condecoração na Justiça.

A condecoração a Bolsonaro fez com que Sydney Ferreira Possuelo, ex-presidente da Fundação Nacional do Índio (Funai) e ativista, devolvesse sua medalha do mérito indigenista recebida há 35 anos.

Possuelo, reconhecido indigenista, afirmou que Bolsonaro ofendeu “crença”, “desejos” e “memória” de marechal Rondon e “por extensão o Exército Brasileiro”.

“Quando deputado federal, o senhor Jair Bolsonaro, em breve e leviana manifestação na Câmara dos Deputados, afirmou que a ‘cavalaria brasileira foi muito incompetente. Competente, sim, foi a cavalaria norte-americana que dizimou seus índios no passado e hoje em dia não tem esse problema no país'”, disse no documento, endereçado ao ministro Anderson Torres.

Foto: Reprodução/ TV Brasil

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