Home Minas Gerais Decisão judicial barra urgência para adoção de câmeras pela PM em Minas Gerais

Decisão judicial barra urgência para adoção de câmeras pela PM em Minas Gerais

24 de abril de 2025, 16h47 | Por Letícia Horsth

by Letícia Horsth

O Tribunal de Justiça de Minas Gerais indeferiu o pedido feito pelo Ministério Público Estadual para obrigar o governo mineiro a adotar, de forma imediata, o uso de câmeras corporais por policiais militares durante operações de patrulhamento.

Caso a solicitação fosse aceita, o Estado teria o prazo de 30 dias para equipar todo o efetivo da Polícia Militar com os dispositivos de filmagem.

A decisão foi proferida nesta quarta-feira (24) pelo juiz Ricardo Sávio de Oliveira, da 1ª Vara da Fazenda Pública de Belo Horizonte. Na análise do magistrado, não houve justificativa suficiente para conceder a medida liminar com caráter de urgência.

Segundo Oliveira, o número de câmeras atualmente disponíveis não permite cobrir toda a tropa, o que inviabiliza uma implementação imediata. Ele destacou ainda que a adoção em larga escala da tecnologia demanda uma fase de planejamento, com critérios técnicos de distribuição, capacidade de armazenamento de dados e garantia de protocolos de privacidade.

“Conforme os autos, foram adquiridas cerca de 1.600 câmeras, já entregues à Polícia Militar. Essa quantidade está muito abaixo do número total de policiais em atuação no estado, o que impossibilita a aplicação universal da medida neste momento”, apontou o juiz na decisão.

Contexto do caso
A ação foi ajuizada em fevereiro deste ano pelo Ministério Público de Minas Gerais, que solicitava a adoção generalizada das câmeras corporais com o objetivo de promover maior transparência nas abordagens policiais e proteger tanto os cidadãos quanto os agentes de segurança.

A promotora Maria Fernanda Araújo Pinheiro Fonseca, responsável pela ação civil pública, relatou que, desde 2021, foram adquiridos 602 equipamentos com verba do Fundo Especial do Ministério Público (Funemp) e outros 1.040 com recursos do Tesouro Estadual. No entanto, segundo a promotoria, os dispositivos estão sendo pouco utilizados e sem critérios definidos.

O Ministério Público também apontou falhas na distribuição inicial das câmeras e a ausência de informações claras por parte da Polícia Militar quanto ao uso prático dos aparelhos e à metodologia de avaliação dos impactos do projeto.

“Vários ofícios foram enviados à corporação, mas a maioria das respostas não foi satisfatória e tampouco esclareceu como os equipamentos estavam sendo usados ou se havia incentivo e monitoramento por parte do comando para consolidar o uso da tecnologia”, afirmou a promotora no processo.

Pedidos e penalidades
Na ação, o MP requereu que o Estado fosse obrigado a utilizar, no prazo de 30 dias, todas as câmeras já adquiridas em operações de policiamento ostensivo, com prioridade para unidades com histórico elevado de uso da força. Além disso, o órgão pediu que, em até dois anos, todo o efetivo uniformizado fosse equipado com os dispositivos.

A promotoria ainda solicitou a aplicação de multa diária de R$ 50 mil ao comandante-geral da PM em caso de descumprimento da ordem judicial.

Foto: Reprodução.

LEIA TAMBÉM

Envie seu comentário