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Deputados condenam despejo de trabalhadores rurais no Sul Ação gerou protestos em Plenário, com apelos para que o governador intervenha. Recorde de mortes por Covid-19 foi lembrado.

12 de agosto de 2020, 18h43 | Por Letícia Horsth

by Letícia Horsth

Ao declararem, em Plenário, voto favorável ao reconhecimento do estado de calamidade pública nos 19 municípios mencionados pelo Projeto de Resolução (PRE) 106/20, vários parlamentares de oposição aproveitaram para condenar o despejo de 450 famílias de trabalhadores rurais da ocupação de Ariadnópolis, no município de Campo do Meio (Sul).

Segundo informaram, a ação de reintegração de posse, na manhã desta quarta-feira (12), no antigo Quilombo de Campo Grande, estaria sendo executada “de forma violenta e injusta, com uso de forte aparato policial, contra homens, mulheres e crianças”.

As 450 famílias vivem no local há mais de 20 anos, onde produzem café orgânico, hortaliças, leite e derivados, entre outros produtos. Elas ocupam terras de antiga usina, há anos desativada e improdutiva.

Deputados e deputadas do Bloco Democracia e Luta apelaram para que o Governo do Estado intervenha no sentido de impedir o despejo, alegando, entre outros fatores, a importância da agricultura familiar do quilombo para a economia regional e o momento de dificuldades por que passa a população em razão da pandemia de Covid-19.

Para o líder do bloco de oposição, deputado André Quintão (PT), a ação “é absolutamente questionável e injusta, num momento totalmente inadequado”. Ele apelou para que o governador Romeu Zema intervenha, de forma a fazer prevalecer o diálogo, suspendendo o despejo.

“Se houver confronto e danos, o governador será responsável. Bastam as mortes pela pandemia. Não queremos mais mortes em Minas Gerais”, afirmou.

O mesmo apelo foi feito por parlamentares da Comissão de Direitos Humanos, como a presidenta, Leninha, e o deputado Betão (ambos do PT), e Andréia de Jesus (PSOL).

Andréia de Jesus condenou “o ataque desumano contra os remanescentes do quilombo de Campo Grande, maior que o de Palmares, no momento em que Minas Gerais e o País estão vivendo em estado de exceção”, e se declarou “indignada com o terrorismo praticado com dinheiro público contra trabalhadores. É um crime”, protestou.

Leninha fez um apelo ao líder do governo, deputado Raul Belém (PSC), para que insista com o governador no sentido de impedir o despejo. “O Estado não pode ser cúmplice de uma possível tragédia. Precisamos resgatar o cuidado com a vida e com as pessoas”, disse.

Seus colegas do PT, Betão e Virgílio Guimarães, também repercutiram a ação. Betão disse que o caso já atingiu “proporções internacionais”, chegando a 24 países e envolvendo 32 entidades do movimento social. Ele denunciou que a Escola Eduardo Galeano foi a primeira a ser atingida pelo despejo.

O deputado Virgílio Guimarães lembrou que nessa mesma data, Dia Internacional da Luta contra a Violência no Campo, se recorda “o bárbaro assassinato” da trabalhadora rural Margarida Maria Alves, na Paraíba, ocorrido em 1983.

“A Polícia Militar de Minas Gerais não pode se prestar a ser instrumento para uma medida tão injusta, tão fora de propósito, tão extemporânea”, disse, afirmando ainda que a Assembleia não pode aceitar tamanha violência.

Presidente lamenta recorde de mortes no Estado

O presidente da Assembleia, deputado Agostinho Patrus (PV), que conduziu a reunião, comentou “a triste notícia” de que Minas Gerais tenha alcançado um número recorde de 170 pessoas mortas por Covid-19 em 24 horas. Lembrou também o recorde de 100 mil mortes no País, ocorrido no último final de semana.

“Isso nos faz pensar na face de cada um dos que faleceram, de seus parentes e amigos”, disse, recordando que o Parlamento mineiro decretou três dias de luto pelas mortes. “A Assembleia de Minas continua de luto pelo nosso Estado e País”, frisou.

Com informações da ALMG.
Foto: Luiz Santana/ALMG.

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