Por Felipe Nunes
Faltando 3 semanas para o 1º turno, diferença entre Lula e Bolsonaro cai para 8 pontos percentuais na pesquisa Genial/Quaest. Lula oscila 2 pontos e aparece com 42%, Bolsonaro aparece estável com 34% e outros somam 13%: Ciro 7%, Tebet 4%, D’Avila e Soraia tem 1% cada.
De onde vem essa oscilação de Lula? Mesmo sendo na margem de erro, é importante destacar quais sub-grupos se moveram. Nordeste e Sudeste estáveis, mas no Sul a distância de Bolsonaro e Lula aumentou de 6 para 8 pontos, na margem de erro.
Entre as mulheres, a vantagem de Lula continua sendo significativa (16pts). O empate técnico entre os homens, por sua vez, se transformou em empate numérico 39 a 39.
Lula oscilou negativamente no público de renda média. Passou de 42% para 37% entre quem recebe de 2 a 5 salários mínimos de renda total familiar. A vantagem de 25 pts de Lula sobre Bolsonaro se manteve no público de baixa renda.
Em compensação, vai ficando cada vez mais claro o impacto eleitoral nulo do Auxílio Brasil. A distância entre Lula e Bolsonaro entre quem recebe o Auxílio se mantém próximo dos 25 pts.
Também é boa notícia para a campanha de Lula a evidência de estabilidade de Bolsonaro entre evangélicos. Nas últimas 4 rodadas Bolsonaro parou de crescer nesse segmento. Ou seja, a contra-ofensiva de Lula parece ter funcionado.
A diminuição da distância entre Lula e Bolsonaro veio acompanhada de uma melhora na imagem do governo federal: avaliação negativa caiu mais, chegando a 38% e a avaliação positiva se manteve nos 32%.
Veio acompanhada também de uma melhora significativa na percepção sobre a economia no último ano… caiu para 44% quem diria que a economia piorou nos últimos 12 meses.
Também melhorou a expectativa sobre a economia no próximo ano. Tanto sob a perspectiva retrospectiva, quanto sob a ótica prospectiva, o ambiente melhorou para o presidente.
Só não melhorou mais porque os preços dos alimentos continuam altos, o que atinge mais diretamente a população de baixa renda. Enquanto 82% perceberam queda no preço da gasolina e 36% viram queda no preço da energia, só 26% sentiram queda no preço dos alimentos.
Entre a população de baixa renda, o sentimento não é de melhoria no preço dos alimentos. A classe média e classe média alta é que estão sentindo efeitos econômicos mais positivos, daí a diminuição da diferença entre Lula e Bolsonaro nesses estratos.
Nesse ambiente econômico positivo, os sentimentos e as percepções do eleitorado sobre esta disputa também começam apontar para um cenário bem mais competitivo no dia 2/10. Alguns indicadores merecem ser destacados.
Bolsonaro conseguiu empatar o jogo da percepção sobre sua capacidade de resolver problemas do país: 48% acham que ele faz o que pode e 48% acham que não. Em julho, essa diferença era de 10 pts.
As críticas na campanha eleitoral tem feito mal à imagem de Lula, que, pela primeira vez, vê sua rejeição aumentar acima da margem de erro. Agora, a distância nas rejeições de Bolsonaro e Lula passou a ser de apenas 5 pts. No começo do ano, a distância era de 23 pts.
O aumento da rejeição de Lula tem consequências. Por exemplo, está tecnicamente empatado o percentual do eleitorado que daria uma segunda chance a Lula na presidência (50 x 47). Embora o ex-presidente ainda leve vantagem, ela não é tão confortável como já foi.
Também aparece empatado tecnicamente o percentual de eleitores que tem mais medo da volta do PT com o percentual de eleitores que tem mais medo da continuidade de Bolsonaro. Quanto mais a campanha avança, pior a percepção contra o PT.
Todo esse novo contexto também começou alterar a percepção sobre quem vai levar a eleição. Aos poucos, a expectativa de vitória de Lula vai diminuindo. Um clima de opinião tendendo em uma direção é fundamental para alimentar comportamento estratégico por parte do eleitor.
Tudo o que vimos até aqui sugere que é mais provável que a eleição não termine no primeiro turno. Na simulação de um eventual segundo turno, Lula teria 48% e Bolsonaro 40%, a menor distância desde que começamos a medir essa variável.
A diminuição entre Lula e Bolsonaro no 2º turno se deve a mudança de postura dos eleitores de Ciro e Tebet. Oscilou negativamente o percentual de eleitores deles defendendo apoio ao ex-presidente Lula. Talvez seja este o dado mais importante de toda a pesquisa.
Essa mudança de postura sugere que a campanha do PT terá que trabalhar ainda mais para tentar convencer o eleitor do voto útil para finalizar a eleição já no primeiro turno. Levar a disputa adiante pode ser perigoso para Lula.
O levantamento ouviu 2.000 pessoas em 120 municípios das cinco regiões do País entre os dias 10 e 13/set. A margem de erro é de 2 pontos percentuais e o nível de confiabilidade de 95%. Pesquisa registrada BR-03420/22.
Foto: Reprodução