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Diminui a diferença entre Lula e Bolsonaro. Veja os números.

3 de agosto de 2022, 08h12 | Por Redação ★ Blog do Lindenberg

by Redação ★ Blog do Lindenberg

Por Felipe Nunes

A pesquisa Genial/Quaest deste mês mostra uma melhora na imagem do governo Bolsonaro que agora tem 27% (+1) de avaliação positiva e 43% (-4) de avaliação negativa. Este é o menor nível de rejeição ao governo desde que a pesquisa começou a ser feita em julho/21.

Mesmo com a melhora, a situação de Bolsonaro comparativamente aos presidentes que buscaram a reeleição ainda é bem negativa. FHC em 1998 chegou no começo de agosto com rejeição de 18%, Lula em 2006 com 22% e Dilma em 2014 com 24%. Bolsonaro tem o dobro da rejeição deles.

O processo de recuperação da imagem do governo aparece nos eleitores que recebem o Auxílio Brasil. Em junho, a distância entre a avaliação negativa e a avaliação positiva era de 27 pts; em agosto, a diferença caiu pra 11 pts. Não houve mudança entre quem não recebe.

O governo também voltou a recuperar sua imagem entre os eleitores que votaram em Bolsonaro em 2018. Já são 57% dos eleitores do presidente que avaliam como ótimo/bom o governo Bolsonaro. No começo do ano, eram apenas 45%.

O recuo na avaliação negativa do governo não apareceu com a mesma força nas intenções de voto. Lula tem agora 44% no primeiro turno, com variação de 1 ponto em relação a julho. Bolsonaro sobe 1 ponto e chega a 31%. Ciro oscilou para 5%, Janones 2%, Tebet 2% e Marçal 1%.

As variações observadas estão todas na margem de erro, mas não escondem a tendência que a pesquisa registra. Entre maio e agosto, a distância entre Lula e Bolsonaro vem caindo consistentemente: 17 (maio), 16 (junho), 14 (julho) e agora 12 (agosto).

Hoje, é impossível afirmar se a eleição será definida em 1º ou em 2º turno porque a soma de Bolsonaro e outros candidatos (42%) fica na margem de erro da soma de intenção de votos de Lula (44%).

Alguns cruzamentos merecem destaque, a começar pela divisão regional que mostra Lula e Bolsonaro empatados em todas as regiões do país, à excessão do Nordeste, que continua dando ampla vitória ao ex-presidente (61 x 20).

As diferenças de renda ficaram mais claras nesta pesquisa. Enquanto a distância Lula-Bolsonaro diminui entre os mais pobres (caiu de 33 para 27 pts), ela aumenta entre os mais ricos pró-Bolsonaro (saiu de 4 para 13 pontos). Na renda média ficou estabilizada na série.

Religião continua aparecendo de forma significativa. A distância de Lula e Bolsonaro permanece a mesma entre os católicos, mas aumenta a cada mês entre os evangélicos. Em abril, Bolsonaro tinha 38% e Lula 34%. Em agosto, essa diferença passou para 19 pontos (48% a 29%).

A principal hipótese para explicar essa recuperação de imagem do governo e a aproximação das intenções de voto de Bolsonaro e Lula em setores importantes do eleitorado é o efeito expectativa de futuro gerado pelo presidente com as medidas adotadas nos últimos meses.

Vejamos que evidências temos

Primeiro, caiu de 64% para 56% os eleitores que acreditam que a economia do Brasil no último ano piorou, e subiu de 15% para 20% os que dizem que a economia melhorou no último ano.

Segundo, caiu de 25% para 21% os eleitores que acreditam que o principal responsável pelo aumento de preço dos combustíveis foi o presidente Bolsonaro. Ele conseguiu terceirizar a culpa da crise para os fatores externos ao país, que hoje agregam 34% dos entrevistados.

Terceiro, cresceu o percentual de eleitores que dizem que sabem do aumento do Auxílio Brasil (cresceu 21 pontos em um mês); e que sabem que Bolsonaro agiu para reduzir o ICMS nos estados (notícia que chegou a 67% dos entrevistados.

Informação tem ajudado a diminuir a distância de intenção de voto entre Lula e Bolsonaro naqueles eleitores que recebem o Auxílio Brasil. Caiu de 35 para 23 pts a distância de intenção de voto entre os dois para quem recebe o Auxílio. Não houve mudança entre quem não recebe.

Quarto, embora a economia continue figurando como o principal problema do país na opinião dos brasileiros, ela vai perdendo espaço para as questões sociais.

É que a inflação está saindo de pauta e perdendo força como o principal problema do país.

Todas essas melhoras na conjuntura, captadas pela pesquisa, tem gerado 3 efeitos que merecem ser destacados. Primeiro, caiu a rejeição do Bolsonaro. Ele saiu de 66% para 55% de rejeição entre fevereiro e agosto. Lula, continua com rejeição mais baixa, na casa dos 43%.

Segundo, 45% dos eleitores acham que Bolsonaro está fazendo o que pode para resolver os problemas do país. Já é um contingente maior do que os que votam no presidente hoje, sugerindo que ele pode criar capital político com a triangulação de agenda política que vem promovendo.

Terceiro, caiu a diferença de Lula para Bolsonaro em um eventual segundo turno: era 55 a 32 em junho e passou para 51 a 37 em agosto. Embora Lula continue sendo o favorito, o cenário parece mais apertado do que a dois meses.

No campo das disputas afetivas, Lula mantém vantagem e continua merecendo uma segunda chance na opinião da maioria (54%), enquanto 41% acreditam que Bolsonaro mereça um novo mandato. Vale notar que é a menor distância entre esses dois grupos até aqui.

Na disputa dos medos, Lula também vence, embora por uma margem menor se comparado com o resultado do último mês. São 48% que tem mais medo da continuidade do Bolsonaro e 38% que tem mais medo da volta do PT. Essa distância era de 16 pontos em julho.

Ou seja, a recuperação da imagem do governo Bolsonaro se fez sentir em vários indicadores da pesquisa.

O levantamento foi encomendado pela Genial, ouviu 2.000 pessoas em 120 municípios das cinco regiões do país entre os dias 28 e 31/julho. A margem de erro é de 2 pontos percentuais e o nível de confiabilidade de 95%. Pesquisa registrada BR-02546/22.

Foto: Arte/Metrópoles

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