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Disparo de Braga Netto pode desmontar defesa do voto impresso como já admite Bolsonaro Comentário da Tarde - Por Carlos Lindenberg

23 de julho de 2021, 17h13 | Por Carlos Lindenberg

by Carlos Lindenberg

Penso que o disparo fora de hora – será que tem hora para coisas assim? – do ministro da Defesa, general Braga Netto, enterrou de vez a ideia golpista de que sem voto impresso não haverá eleição em 2022. O vice-presidente Hamilton Mourão, também general e talvez com maior respaldo no alto comando da tropa garante que haverá sim, mas o fato é que o disparo do general Braga Netto parece ter sepultado a ideia absurda de que só com voto impresso haveria eleição em 2022.

De onde o ministro da Defesa tirou isso se o Tribunal Superior Eleitoral, que é quem entende de eleições e de votos, garante que a urna eletrônica é inviolável e contra qualquer tipo de fraude, tanto que é usada em 57 países, ao contrário das urnas de lona que, estas sim, eram sujeitas a fraudes de todo tipo – e quem acompanha a política do país sabe disso melhor do que militares de qualquer patente.

Mas é nisso que dá misturar militares com política. Por dever de ofício, eles acabam comprando as bandeiras de luta de seu chefe e saem defendendo teses estapafúrdias como essa do general Braga Netto, que recebeu pronta resposta do vice-presidente Hamilton Mourão, garantindo que, a despeito da vontade do presidente Bolsonaro, com ou sem voto impresso haverá eleição sim em 2022. Aliás, Mourão foi o único que respondeu com firmeza à provocação do ministro da Defesa, ainda que se possa dizer que quem está na garupa – caso de Mourão – não governa a rédea – caso de Bolsonaro que está na presidência- secundado o vice pelo primeiro-vice-presidente da Câmara dos Deputados, Marcelo Ramos, que assertivamente afirmou ao longo da semana que não é o presidente da República nem as Forças Armadas que decidem se haverá eleição ou não – é o Congresso Nacional.

Pois ao que parece essa lorota de que só com voto impresso haverá eleição, ferida a comissão especial da Câmara dos Deputados que estuda o tema é contrária à tese do ministro da Defesa – e do presidente Bolsonaro – que só não a derrotou na semana passada porque o presidente da comissão usou de um artifício para jogar a discussão para depois do recesso, certamente imaginando que até lá o governo terá condição de formar maioria e assim fazer passar o casuísmo tão condenável nas democracias verdadeiras. Aliás ainda ontem, o presidente Bolsonaro já admitia que na Comissão nem no plenário o governo terá votos suficientes para fazer passar o monstrengo, ainda mais depois do disparo afoito do general Braga Netto. Mas esse assunto ainda vai render muito pano pra manga, sobretudo na semana que vem, quando Bolsonaro anunciará a sua minirreforma ministerial com a possível entrada do senador Ciro Nogueira na Casa Civil, por onde passam os pedidos dos parlamentares em busca de verbas e empregos, como é prática do Centrão, de onde vem o senador piauiense. É acompanhar a semana para tomar pulso da política tão afrontada pelo atual governo que, prometendo inovações, só faz tumultuar a vida do país, jogando um poder contra o outro, misturando as marchas e criando conflitos onde antes havia alguma harmonia.

Foto: Agência Brasil

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