O dólar passou a operar em queda nesta quinta-feira (23), cotado a R$ 5,90, após ter encerrado o pregão de ontem no menor valor desde novembro. Com uma agenda mais vazia, as políticas tarifárias de Donald Trump, novo presidente dos Estados Unidos, voltam a estar na mira dos mercados.
Nesta semana, o republicano reforçou sua promessa de impor tarifas de 10% à China e à União Europeia, e considerou alíquotas de até 25% contra o México e o Canadá.
Há incerteza sobre as decisões, mas alíquotas menores do que as ameaças feitas por Trump durante sua campanha, e a falta de medidas concretas sobre o tema continuam a abrir espaço para uma valorização do real.
Sem grandes destaques na agenda, as atenções se voltam para a participação do republicano no Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça. Entre os indicadores, os investidores monitoram os novos dados de auxílio-desemprego nos Estados Unidos e seguem atentos à temporada de balanços corporativos.
O Ibovespa, principal índice acionário da bolsa de valores brasileira, oscila entre altas e baixas.
O que está mexendo com os mercados?
Os efeitos da posse de Donald Trump como presidente dos Estados Unidos continuam a influenciar os mercados. Além das ordens executivas assinadas no primeiro dia de mandato, novas declarações de Trump sobre um possível “tarifaço” a outros países geraram incertezas sobre os impactos no comércio global.
Na terça-feira, durante um evento na Casa Branca, Trump prometeu impor tarifas à União Europeia e afirmou que seu governo já está discutindo uma alíquota de 10% sobre produtos importados da China a partir de 1º de fevereiro. Ele também ameaçou impor tarifas ao México e ao Canadá, citando preocupações com o fluxo de drogas desses países.
Embora essas tarifas estejam alinhadas com a agenda protecionista de Trump, elas são menores do que as indicadas durante sua campanha. A falta de medidas concretas traz certo alívio e abre espaço para a valorização de outras moedas em relação ao dólar.
Na prática, a aplicação de tarifas sobre produtos importados nos EUA é considerada inflacionária, pois pode elevar os preços no país. Quando os preços estão mais altos, o Federal Reserve (Fed) tende a manter os juros elevados por mais tempo para esfriar a economia e combater a inflação. Taxas elevadas nos EUA fortalecem o dólar.
Na agenda econômica, investidores avaliam novos dados de pedidos de auxílio-desemprego nos Estados Unidos. O número aumentou pouco na semana passada, e, sem um enfraquecimento do mercado de trabalho, reforça-se a tese de que o Fed não deve reduzir as taxas de juros na próxima semana.
Os pedidos de seguro-desemprego estaduais aumentaram para um total de 223 mil na semana encerrada em 18 de janeiro. Economistas consultados pela Reuters previam 220 mil pedidos para a última semana.
“A quantidade de trabalhadores recém-demitidos, assim como a daqueles que continuam sem emprego, segue em níveis relativamente baixos, sem indicar um aumento relevante do desemprego”, avalia Andressa Durão, economista do ASA.
Na Ásia, dados divulgados nesta quinta-feira indicaram que as exportações no Japão subiram pelo terceiro mês consecutivo em dezembro, em meio às preocupações sobre uma eventual imposição de tarifas por parte de Trump. O Banco Central japonês deve anunciar uma nova decisão de juros ainda nesta semana.
No Brasil, o mercado aguarda os novos dados do Índice de Preços ao Consumidor Amplo – 15 (IPCA-15), considerado a prévia da inflação oficial do país, que será divulgado na próxima sexta-feira. O cenário fiscal também está em foco, especialmente porque o Orçamento ainda não foi aprovado.
Com informações do G1.
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