Por G1
O ex-governador de São Paulo João Doria (PSDB) comunicou a aliados no domingo (22) que desistiria da pré-candidatura à Presidência da República, mas a decisão já havia tomada por ele na última quinta-feira (19). A desistência foi anunciada ao público nesta segunda (23).
No domingo (22) pela manhã, ele se encontrou com líderes de partidos aliados em São Paulo. À tarde, falou com governador do estado, Rodrigo Garcia. O governador paulista teria dito a aliados estar aliviado com a decisão.
Na conversa com Rodrigo Garcia, a dupla debateu questões estruturais da campanha ao governo do estado – como comitê e acertos estruturais que estavam montados para Doria e podem ser usadas por Garcia.
“Não sei se ajudo ou atrapalho”, teria dito Doria a aliados, que consideram que não ocorrerá uma saída do PSDB por temer, conforme esses aliados, que um movimento nesse sentido pareça algo raivoso. A desistência ocorreu quando Doria percebeu que Garcia o estava rifando ao não associá-lo à sua campanha estadual.
Doria estava sendo pressionado pelo entorno do governador a desistir da pré-candidatura à Presidência como forma de não atrapalhar a campanha de Garcia. Isso porque o ex-governador tem uma alta rejeição, e sua entrada na disputa poderia contaminar os planos do PSDB para São Paulo – o partido governa o estado desde 1994.
Segundo aliados, a decisão tem a ver não só com Garcia, mas também com os negócios de Doria – de se proteger de um eventual governo Lula ou Bolsonaro, já que não tem relação próxima com nenhum dos dois.
Para aliados de João Doria, a pressão para o governador desistir levou em conta a não implosão da candidatura de Rodrigo Garcia, principal foco do PSDB – mas um outro aspecto poderia atingir Doria. Além do temor da contaminação da candidatura do governador, com a presença do ex-governador no palanque, o próprio Doria precisa salvar o seu “day after” fora da política: sem perspectiva de cargo público, tem de se preocupar com sua vida no meio empresarial.
Como exemplo citam o Lide, evento que reúne autoridades e empresários e vive do bom relacionamento e interlocução com partidos e políticos diversos. Se Lula ou Bolsonaro ganhar, a avaliação de aliados de Doria é de que o canal federal estará obstruído, pois ambos são adversários do tucano. Sem o governo de São Paulo, que é a principal aposta do PSDB, Doria não terá nem canal estadual.
Doria estaria na duvida sobre o futuro empresarial, não sabe se vai retomar as empresas diretamente ou se terá influência apenas de longe.
Apesar de ter vencido as prévias no ano passado, Doria estava isolado no PSDB. A direção atual estava alinhada com Garcia e promove uma articulação para se coligar com o MDB, de Simone Tebet.
Na semana passada, Doria ameaçou judicializar a questão ao divulgar uma carta com o seu advogado, Arthur Rollo, dando a entender que não mediria esforços para ser candidato à Presidência pelo PSDB.
O movimento só piorou a situação dele no partido. Até aliados mais próximos avaliaram que foi um erro, e ele teve de recuar. E, então, restou contar com um recurso ao diretório nacional e à convenção que, de acordo com estatuto do PSDB, homologa a escolha feita pelos filiados nas prévias.
Ocorre que, nos últimos dias, tucanos começaram a ventilar a possibilidade de nem convocar a convenção, de modo que Doria não teria a chance de ter homologado o resultado das prévias que lhe elegeram pré-candidato.
Ainda restam duas vertentes no PSDB:
- a direção que defende aliança com MDB, tendo Tebet como candidata à Presidência;
- e um outro núcleo que apoiou no passado Eduardo Leite e que agora defende uma candidatura própria, mas com o senador Tasso Jereissati, do Ceará, ou até mesmo o próprio Leite à frente.
Foto: Reprodução/Redes sociais