Por Terra
O empresário Léo Pinheiro, ex-presidente da construtora OAS, escreveu uma carta à mão em que volta atrás em diversas acusações que fez na delação premiada com a Operação Lava Jato contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, revela o jornal O Globo nesta terça-feira (14).
O documento foi um dos principais a serem usados pela Justiça de São Paulo para arquivar uma denúncia que acusava o ex-presidente de cometer o crime de tráfico de influência com o governo da Costa Rica.
A carta foi anexada ao processo em junho desse ano e nela Pinheiro afirma que “nunca autorizou ou teve conhecimento de pagamentos de propina às autoridades citadas no caso”, diz o jornal.
“A empresa OAS não obteve nenhuma vantagem, pois inclusive não foi beneficiada por empréstimos do BCIE – Banco Centro Americano de Integração Econômica”, ressalta outro trecho publicado pelo jornal.
O acordo de delação premiada com a Lava Jato havia sido firmado em dezembro de 2018 com a então procuradora-geral da República Raquel Dodge. Por meio dele, o empreiteiro pagou uma multa de R$ 45 milhões por danos aos cofres públicos e pode cumprir as cinco condenações penais que sofreu, com progressão do regime domiciliar, semiaberto e aberto.
Na época, Pinheiro havia dito que pediu a Lula durante uma viagem a Costa Rica que o ex-presidente realizasse um encontro com o presidente do BCIE, Nick Gloe, para aumentar a participação do Brasil na estrutura da instituição.
O ex-presidente da OAS afirmou que esse encontro ocorreu na suíte do hotel onde Lula estava, com o então diretor da empresa, Augusto Uzeda, que já à época da declaração de Pinheiro havia negado a realização da reunião.
Pinheiro também disse que pediu que Lula intercedesse com a presidente Dilma Rousseff e o então ministro de Planejamento, Paulo Bernardo, sobre o assunto.
O Globo ainda cita pessoas próximas a Pinheiro, que dizem que ele irá voltar atrás em outras declarações que fez para a Justiça. Foi com base nessa delação que Lula foi condenado pelo caso do tríplex do Guarujá, em São Paulo, em processo que foi anulado posteriormente pela Justiça.
Foto: ANSA / Ansa – Brasil