Por Metrópoles
O ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira (Progressistas), direcionou uma emenda no valor de R$ 240 mil para a compra de um caminhão de lixo do Grupo Mônaco Diesel Caminhões, Ônibus e Tratatores Ltda, de propriedade de Carla Morgana Denardin. A empresária é amiga e frequenta o gabinete do chefe de pasta. O caso foi revelado pelo jornal Estadão.
Durante o processo de aquisição do veículo, todas as etapas passaram por aliados do ministro: Inaldo Guerra, apadrinhado de Nogueira e superintendente da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf) do Piauí, estatal que realizou o pregão — Guerra foi responsável pela ratificação do resultado da licitação; Carmen Gean (Progressistas), prefeita de Brasileira (PI), cidade para a qual foi o caminhão foi destinado; e Denardin, proprietária da empresa vencedora do certame.
A emenda do ministro foi destinada à compra de um caminhão compactor de lixo para atender o município de cerca de 8 mil habitantes. De acordo com especialistas, o equipamento não é recomendado para cidades com menos de 17 mil habitantes em razão do alto custo. O caminhão comprado com a emenda do ministro virou atração em dois eventos de inauguração em Brasileira, em menos de 15 dias.
Em 2020, o Grupo Mônaco venceu uma licitação para a venda de 40 caminhões de lixo por um valor de R$ 11,9 milhões. Na época, Ciro Nogueira era senador. Os contratos da empresa continuaram quando o ministro assumiu a chefia da pasta.
Bolsolão do lixo
Reportagem publicada pelo Estadão no domingo (22/5) denuncia o uso de recursos milionários na compra de caminhões de lixo para cidades pequenas. A matéria identificou uma cidade no interior de Alagoas, por exemplo, que tem menos lixo do que caminhões para recolhê-los.
No esquema, parlamentares do Centrão, aliados do governo, destinam emendas para estatais e autarquias, comandadas por apadrinhados, e prefeituras comprarem caminhões de lixo. Os órgãos fazem pregões com preços acima do normal e, após a aquisição, os veículos viram atração em cidadezinhas com poucos habitantes com o objetivo de chamar votos.
Em alguns casos, os veículos foram adquiridos por uma diferença de preço 30% maior em um período de um mês.
Foto: Arthur Menescal/Especial Metrópoles