A escritora e membro da Academia Brasileira de Letras (ABL), Heloisa Teixeira, faleceu nesta sexta-feira (28), no Rio de Janeiro, aos 85 anos, devido a complicações de pneumonia e insuficiência respiratória aguda. Ela estava internada na Casa de Saúde São Vicente, localizada na Gávea, zona sul da cidade. O velório será realizado neste sábado (29), na sede da ABL, no centro do Rio, conforme informou a própria academia.
Em um post no Instagram, a ABL expressou seu pesar pela morte da escritora e destacou a importância de sua contribuição como membro da instituição.
“Nossa querida Helô foi imensa – e deixa um legado indiscutível de pensamento crítico, generosidade e compromisso com uma cultura mais justa, plural e inclusiva. Eleita em 2023 para a cadeira 30 da ABL, sucedendo Nélida Piñon, Heloisa trouxe à academia não apenas sua notável sagacidade intelectual, mas também um espírito de acolhimento e fraternidade que marcou profundamente todos com quem conviveu”, escreveu a instituição.
Nascida em Ribeirão Preto, no interior de São Paulo, Heloisa se mudou com sua família para o Rio de Janeiro aos 4 anos. Filha de um médico e uma dona de casa, teve três filhos, os cineastas Lula, André e Pedro.
Identidade A escritora assumiu oficialmente a cadeira 30 da ABL em 28 de julho de 2023, adotando um novo nome. Onze dias antes da cerimônia, ela havia decidido abandonar o sobrenome do primeiro marido, o advogado e galerista Luiz Buarque de Hollanda, passando a usar o sobrenome materno, Teixeira. Para marcar a importância desse gesto, Heloisa fez uma tatuagem nas costas com seu nome completo.
Na ocasião, o presidente da ABL, Merval Pereira, destacou que, embora Heloisa tenha sido eleita sob o nome de Heloisa Buarque de Hollanda, durante a diplomação ela já se apresentava com seu nome de nascimento.
Feminismo Reconhecida como uma das principais vozes do feminismo no Brasil, Heloisa abordou a desigualdade de gênero na ABL durante seu discurso de posse. “Ainda somos pouquíssimas nesta casa: apenas dez mulheres foram eleitas acadêmicas contra um total de 339 homens, o que reflete a desigualdade entre a eleição de homens e mulheres na ABL”, afirmou, destacando a disparidade de gênero na instituição, que foi fundada em 1897.
Formada em Letras Clássicas pela Pontifícia Universidade Católica (PUC-Rio), com mestrado e doutorado em Literatura Brasileira pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e pós-doutorado em Sociologia da Cultura pela Universidade de Columbia, em Nova York, Heloisa Teixeira também foi diretora do Programa Avançado de Cultura Contemporânea da UFRJ. Ela coordenou o Laboratório de Tecnologias Sociais no projeto Universidade das Quebradas e o Fórum M, um espaço de debate sobre a presença feminina na academia.
Eleita com 34 votos de 37, Heloisa deixou claro seu apoio à renovação da ABL. “Esse atual projeto de abertura me fascina. E isso é só o começo. Tem que ter mulher, negro, índio. Porque são excelentes também. Isso é o Brasil, a democracia. Estou muito feliz por chegar nesse momento na academia”, afirmou na ocasião de sua posse.
Com informações da Agência Brasil.
Foto: Divulgação/ABL.