Por UOL
O presidente eleito na Argentina, Javier Milei, enviou uma carta ao presidente Lula (PT) por meio de sua futura chanceler, Diana Mondino. Ela esteve hoje em Brasília, onde se reuniu com o ministro das Relações Exteriores brasileiro, Mauro Vieira.
O objetivo do encontro foi ressaltar o convite do presidente de extrema-direita eleito para a cerimônia de posse, a ser realizada em Buenos Aires no dia 10 de dezembro. O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), do qual Milei é admirador, já confirmou presença.
O tom do texto da carta entregue a Lula, porém, é diferente dos ataques feitos pelo argentino ao brasileiro durante a eleição. Milei já se referiu ao petista como “ladrão”, “comunista furioso” e “ex-presidiário”. As primeiras críticas são de 2021, quando se fortaleceram os rumores de que Lula seria candidato à Presidência.
Para o Palácio do Planalto, o conteúdo da carta é positivo e até surpreendeu. Mas não seria suficiente para garantir que Lula viaje até Buenos Aires no dia 10. A decisão de ir ou não à posse depende inteiramente de Lula.
No texto, Milei cita o desejo de “continuar compartilhando áreas de complementaridade, no nível da integração física, do comércio e da presença internacional”.
O presidente eleito da Argentina ainda defende a “construção de laços” entre os dois países.
Leia carta completa de Milei a Lula
Estimado senhor presidente,
Envio-lhe esta mensagem com minhas cordiais saudações e para transmitir-lhe meu convite para que se junte a mim, no próximo dia 10 de dezembro, nas cerimônias que serão realizadas aqui por ocasião da minha Assunção ao Comando Presidencial.
Sei que Vossa Excelência conhece e aprecia plenamente o que este momento de transição significa para a trajetória histórica da República Argentina, de seu povo e, naturalmente, para mim e para a equipe de colaboradores que me acompanharão na próxima gestão.
Ambas as nações têm muitos desafios pela frente e estou convencido de que as mudanças econômicas, sociais e culturais, baseadas nos princípios da liberdade, nos posicionarão como países competitivos nos quais seus cidadãos podem desenvolver suas capacidades ao máximo e, assim, escolher o futuro que desejam.
Sabemos que nossos dois países estão intimamente ligados pela geografia e pela história e, com base nisso, desejamos continuar compartilhando áreas de complementaridade, no nível da integração física, do comércio e da presença internacional, o que permitirá que toda essa ação conjunta se traduza, de ambos os lados, em crescimento e prosperidade para argentinos e brasileiros.
Espero que nosso tempo juntos como Presidentes e Chefes de Governo seja um período de trabalho frutífero e de construção de laços que consolidem o papel que a Argentina e o Brasil podem e devem desempenhar no concerto das Nações.
Esperando poder encontrá-lo nesta próxima ocasião, receba meus cumprimentos com estima e respeito.
Javier Milei
Foto: Gabriela Biló/Folhapress e Agustin Marcarian/Reuters