Por Rádio Itatiaia
O prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil (PSD), se pronunciou na tarde desta quarta-feira (10) sobre o pedido de indiciamento dos infectologistas Estevão Urbano e Carlos Starling, que fazem parte do comitê de combate à pandemia.
“Estou absolutamente envergonhado, não por mim, porque isso é politicagem e coisa requentada; mas pelos dois infectologistas, brilhantes, competentes, responsáveis por salvar tantas vidas, sendo tratados dessa maneira por causa de política”, disse.
O relatório final da CPI da Covid, com mais de mil páginas incluindo anexos, foi protocolado na Câmara Municipal (CMBH) nesta quarta. O objetivo era investigar os gatos da Prefeitura de BH em meio à pandemia.
O vereador Irlan Melo (PSD), que é o relator, sugeriu o indiciamento do secretário de Fazenda, João Antônio Fleury, do ex-presidente da BHTrans, Célio Bouzada, do ex-diretor da BHTrans, Daniel Marques Couto, e de dois dos infectologistas que integram o comitê de combate à pandemia, Carlos Starling e Estevão Urbano.
Além disso, o documento pede que o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) investigue o prefeito Alexandre Kalil (PSD) por possível crime de responsabilidade no pagamento adiantado de cerca de R$ 220 milhões às empresas de ônibus na compra de vale-transporte para servidores.
“Há o indiciamento também dos infectologistas, porque há um nítido conflito de interesses entre a atuação deles como um comitê covid deliberativo e ao mesmo tempo consultoria para escolas particulares. Nós também sugerimos que todos os funcionários envolvidos sejam investigados pelo Ministério Público”, salientou.
Em contato com a Itatiaia, Carlos Starling afirmou que se trata de acusação absurda e de caráter político. Estevão Urbano também nega as acusações feitas a ele e a Starling, de conflito de interesses.
Estevão Urbano disse que está “surpreso” e que não estava acompanhando a CPI. Ele explicou que há anos faz parte da diretoria da Sociedade Mineira de Controle de Infecções, que a entidade é sem fins lucrativos e que ela realiza eventos, cursos, simpósios e congressos. Além disso, destacou que nenhum diretor e nem o presidente possui remuneração e, que todo o dinheiro que entra, é usado para fomentar a pesquisa.
“Ninguém nunca recebeu qualquer centavo dessa entidade. Ela existe porque a gente gosta de fazer pesquisa, de fazer congressos e de estar na área de ensino”, disse. Estevão também explicou que desde o início da pandemia não participou de reuniões presenciais e que, “possivelmente”, o presidente e vice-presidente fizeram esses contatos.
“Essa entidade também dá assessorias de controle de infecções, seja em escola, seja em hospitais. Qualquer dinheiro que entra, repito, é para fomentar a pesquisa. Ninguém lá é remunerado”, continuou. Ele garantiu que se houve contato com alguma escola para dar assessorias de controle de infecções não houve a participação dele e nem a de Carlos.
O infectologista ainda afirmou que o presidente, vice e diretores podem fazer ações sem a participação deles e que vai entrar em contato para entender o que houve. “Nós estamos à disposição para qualquer coisa que precisar de esclarecimentos”.
A CPI tem o poder de sugerir o indiciamento, mas quem decide se indicia ou não os investigados é o Ministério Público.
Foto: PBH/Divulgação