O universitário congolês Louison Mbombo, estudante da Faculdade de Medicina da Universidade Federal Minas Gerais (UFMG), recebeu o prêmio de Melhor Inovação Humanitária 2019 da The Dutch Coalition for Humanitarian Innovation (DCHI). A cerimônia aconteceu na última sexta-feira, em Amsterdã, na Holanda, e reconheceu os trabalhos do africano dedicados à busca da erradicação da malária em seu país natal.
O projeto de Louison usa ferramentas de inteligência artificial da Microsoft e do Google. O estudante desenvolveu um software de análise e apresentação de dados sobre a doença no país, além de permitir prevenção de surtos e elaboração de estratégias de intervenção. A doença afeta mais de 25 milhões de pessoas na nação, localizada na África Central.
Louison analisou dados coletados em postos de saúde de seis províncias da República Democrática do Congo, incluindo informações sobre novos casos de malária, com destaque para crianças, mulheres grávidas e casos de mortalidade pela doença. O uso desses dados também servirá para a criação de um aplicativo para a população local, desenvolvido por Louison e sua equipe, que vai alertar sobre possibilidade de casos de malária e cuidados para prevenção da doença.
A Coalizão Holandesa de Inovação Humanitária busca e apoia projetos de intervenção humanitária que possam ter impacto global. Em 2019, especificamente, a entidade buscou por inovações que usassem dados ou informações capazes de salvar ou melhorar a vida de pessoas afetadas por crises humanitárias ou naturais.
Crise e refúgio
A instabilidade política que assola a República Democrática do Congo levou Louison Mbombo a se refugiar no Brasil. Em 2013, ele cruzou o Atlântico para tentar uma nova vida no país tropical. Ele estuda medicina desde 2015 na UFMG e seguiu os passos do pai, que era dono de um hospital no país natal.
Neste ano, Mbombo já havia sido incluído, pela União Europeia, em uma lista dos 15 jovens líderes mais influentes do mundo. “Desde criança, sempre tive uma visão de mudar o mundo para melhorar. Já nasci com isso, com essa vontade de mudar o mundo. Não ficava confortável de ver tudo que está acontecendo, como problemas relacionados à desigualdade e às mudanças climáticas. Então, decidi tomar uma iniciativa para melhorar a qualidade de vida das pessoas e abri a ONG no intuito de salvar vidas”, contou o jovem, em entrevista concedida ao Estado de Minas em junho.
Apesar de a malária ser uma doença tratável e que pode ser evitada, uma população pobre como a do Congo não consegue ter acesso a um tratamento adequado, conta. “As crianças são as mais atingidas pela doença. Na África, a cada dois minutos uma criança morre. A gente não pode aceitar morte por uma doença que é tratável e evitável”, disse. Segundo a ONG Solidariedade na Mokili, criada pelo congolês, quase 40% da população congolesa usa o dinheiro que ganha apenas para tratamento da doença.
Fonte/Créditos: Estado de Minas
Foto: Jorge Lopes/EM/D.A Press