Por Itatiaia
Filiado ao PSD, o ex-deputado estadual Osvaldo Lopes pediu demissão do posto de secretário-adjunto de Meio Ambiente da Prefeitura de Belo Horizonte (PBH). Ele comunicou a saída ao prefeito Fuad Noman, de quem é colega de partido, nesta sexta-feira (11). Em uma carta entregue ao chefe do poder Executivo, Lopes disse ter tido a “presença ignorada” em reuniões estratégicas da pasta de Meio Ambiente.
Lopes, que já foi vereador em BH e é ligado à causa animal, assumiu o cargo na prefeitura no fim de maio. A nomeação dele aconteceu em meio a tentativas de Fuad de se aproximar do PSD e agradar colegas de partido.
“Neste momento, sinto o isolamento da máquina e em especial da figura do chefe do Poder Executivo, senhor Fuad Noman, do PSD, que me impediu de exercer a atividade e contribuir para o bom funcionamento dos processos que envolvem o meio ambiente e o bem-estar dos animais. Além de não ter sido acatado, por diversas vezes, o meu pedido de reunião com o Chefe do Poder Executivo, a fim de discutir pautas importantes da causa”, lê-se em trecho da carta enviada por Lopes ao prefeito.
Em outro momento do texto, o ex-adjunto afirma ter sido “excluído” do processo de cadastramento dos cavalos que circulam na cidade. A identificação dos animais está relacionada à implantação da lei que prevê o fim do uso das carroças nas ruas belo-horizontinas.
A saída de Lopes já gera, inclusive, movimentos na Câmara Municipal de Belo Horizonte (CMBH). O presidente do Legislativo, vereador Gabriel Azevedo (sem partido), leu a carta do ex-deputado em plenário e afirmou que o Parlamento precisa de “paz” para trabalhar.
Osvaldo Lopes era subordinado ao secretário municipal de Meio Ambiente, Zé Reis. Também ex-deputado estadual e filiado ao Podemos, Reis faz parte do grupo político do ex-deputado federal Marcelo Aro (PP), que hoje é secretário de Estado de Casa Civil no governo de Romeu Zema (Novo).
Aro detém influência sobre parte dos vereadores e, em busca de conseguir formar maioria no Legislativo, Fuad entregou chefias de secretarias municipais a indicados do político do PP. Foi justamente em meio a queixas do PSD sobre o espaço dado a Aro que o prefeito chamou Lopes para integrar sua equipe.
Nomeação de Lopes gerou ruídos
A nomeção de Osvaldo Lopes para um posto estratégico na pasta de Meio Ambiente, aliás, gerou ruídos na base aliada a Fuad. Isso porque Wanderley Porto, do Patriota, deixou a função de vice-líder do governo na Câmara.
À época, embora Porto tenha negado, a Itatiaia mostrou que a saída dele estava relacionada à escolha de Lopes para um cargo no Executivo. O vereador do Patriota também é defensor da causa animal e temia ter de “dividir” a bandeira com um potencial rival na disputa para vereador em 2024.
A reportagem procurou a Prefeitura de BH para obter posicionamento a respeito das alegações feitas na carta de demissão de Lopes. Se houver resposta, este texto será atualizado.
Foto: Elizabete Guimarães/ALMG