Home Brasil Ex-juiz da Lava Jato, Appio confirma ligação para advogado sócio de Moro

Ex-juiz da Lava Jato, Appio confirma ligação para advogado sócio de Moro

25 de setembro de 2024, 14h12 | Por Letícia Horsth

by Letícia Horsth

Eduardo Appio, juiz federal afastado da 13ª Vara de Curitiba (PR), admitiu que foi ele quem fez a ligação para o advogado João Eduardo Barreto Malucelli, episódio que o colocou na mira da Corregedoria do CNJ (Conselho Nacional de Justiça). Ele ficou no posto da chamada “Vara da Lava Jato” por menos de quatro meses, entre fevereiro e maio de 2023.

Ele relata que fez a ligação ao advogado para confirmar o vínculo de João Eduardo com o juiz federal Marcelo Malucelli, seu pai, que atuava em processos da Lava Jato na segunda instância, no Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4) à época. O magistrado também admite que a ligação foi um “meio inadequado” de buscar a informação, mas alega que não havia “ninguém em quem confiar”.

“Não é comum que o juiz tenha que fazer este tipo de investigação. Era uma checagem de informação. Minha obrigação como juiz é combater a corrupção, mesmo que envolva um colega e mesmo que seja um superior do TRF-4”, afirmou o magistrado em entrevista ao programa “Dando a Real”, do jornalista Leandro Demori, na TV Brasil.

Além de filho de Marcelo Malucelli, João Eduardo é sócio do ex-juiz e senador Sergio Moro (União-PR) em um escritório de advocacia. Na ligação, Appio fingiu ser outra pessoa e tentou confirmar se estaria falando com o filho do magistrado.

“Era para entender se ele era filho ou sobrinho. Se fosse sobrinho, não haveria qualquer problema. Sendo filho, problemas graves e indícios de corrupção. Porque Malucelli estava jurisdicionando os processos que afetavam diretamente o interesse do Sergio Moro. Tacla Duran sempre foi o arqui-inimigo do Moro. Então como que poderia jurisdicionar e, ao mesmo tempo, o filho ser sócio do Moro?”, relata.

A ligação foi gravada pelo advogado e usada para acusar Appio de ameaça. O juiz nunca admitiu ter feito o telefonema publicamente e atribui seu afastamento a um movimento de Moro. “Conseguiu me tirar de campo, deu uma canelada, e contou com o apoio irrestrito de uma parcela importante do TRF-4. A República de Curitiba está muito bem organizada há muito tempo. Mexer nessas estruturas exige coragem”, completa.

Com informações do Diário do Centro do Mundo.
Foto: Bruno Peres/Agência Brasil.

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