Home Economia ‘Faltou a Ford dizer a verdade: querem subsídios’, diz Bolsonaro sobre fim da produção no Brasil

‘Faltou a Ford dizer a verdade: querem subsídios’, diz Bolsonaro sobre fim da produção no Brasil Previsão é de perda de 5 mil empregos com o fechamento de unidades no país. Procurada pelo G1, empresa ainda não comentou a declaração do presidente.

12 de janeiro de 2021, 17h45 | Por Redação ★ Blog do Lindenberg

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Por G1

O presidente Jair Bolsonaro disse nesta terça-feira (12), ao comentar a decisão da Ford de encerrar a produção de veículos no Brasil, que faltou a empresa dizer a “verdade” sobre o motivo da saída. De acordo com Bolsonaro, a Ford queria subsídios do governo para continuar no país.

Bolsonaro disse ainda lamentar os 5 mil empregos que serão perdidos com o encerramento da produção da Ford em território nacional.

Esse foi o número citado pela Ford quando questionada sobre quantas pessoas seriam demitidas, mas empresa disse que o montante inclui a Argentina, onde também serão feitos cortes em função do encerramento da produção no Brasil.

De acordo com Bolsonaro, o valor em subsídios para a Ford chegou a R$ 20 bilhões “ao longo dos últimos anos”.

“Lamento os 5 mil empregos perdidos. Agora a empresa não fala que em novembro nós criamos 414 mil empregos. E estamos perdendo 5 mil agora. Repito: lamento. Mas o que a Ford quer? Faltou a Ford dizer a verdade: querem subsídios. Vocês querem que eu continue dando R$ 20 bilhões para eles como fizeram nos últimos anos? Dinheiro de vocês, de impostos de vocês, para fabricar carro aqui? Não. Perdeu a concorrência. Lamento”, afirmou Bolsonaro a apoiadores na saída da residência oficial do Palácio da Alvorada.

O G1 entrou em contato com a Ford para comentar a declaração de Bolsonaro, mas a montadora não havia se pronunciado até a última atualização desta reportagem.

Na segunda (11), ao anunciar o fim da produção no Brasil, a montadora citou a ociosidade nas fábricas devido à redução nas vendas, agravada da pandemia.

Segundo a empresa, desde 2013, a Ford América do Sul acumulou “perdas significativas”, e a matriz, nos Estados Unidos, tem auxiliado nas necessidades de caixa, “o que não é mais sustentável”.

Entre os motivos da decisão, a fabricante apontou ainda a desvalorização das moedas da região, que “aumentou os custos industriais além de níveis recuperáveis”.

Mais cedo, o vice-presidente da República, Hamilton Mourão, comentou a saída da Ford do Brasil. Para Mourão, a empresa poderia ter esperado a recuperação da economia.

“A Ford ganhou bastante dinheiro aqui no Brasil, recebeu incentivo. Ela poderia ter esperado. A gente entende que no mundo inteiro a empresa está passando por problemas, a indústria automobilística está passando por problemas, está havendo uma mudança. Mas eu acho que o nosso mercado tem plenas condições de assimilar, vamos dizer assim, a partir do momento que retomar a economia de uma forma normal”, disse Mourão.

Economista explica

Em entrevista à GloboNews, Ricardo Bacellar, economista e sócio-líder da KPMG no Brasil, afirmou que não há um único fator para explicar os motivos da decisão da Ford de deixar o Brasil.

“Está longe de ter um único motivo. Você tem um conjunto de vários fatores, de vários vetores, que incidiram nessa tomada de decisão estratégica.”

Segundo ele, a decisão está inserida em um contexto de revisão da estratégia de negócios da Ford nos últimos três anos.

“Mesmo nos EUA, que é um mercado muito maior que o nosso, já tinha tomado uma decisão difícil de reduzir seu portfólio de oferta, de se concentrar em modelos mais rentáveis e nas operações dos EUA e China. Aqui no Brasil, essa transformação do modelo de negócio da indústria requer um nível de investimento muito alto e algumas empresas estão sofrendo mais que outras”, afirmou Bacellar.

De acordo com o economista, é um consenso de que o problema do chamado “custo Brasil” está demorando para ser enfrentado.

“Mas esse componente, no todo, não foi tão relevante assim. Mesmo que houvesse sido conduzido — benefícios para a Ford, em função do contexto global —. o impacto seria bem pequeno”, disse.

Foto: Alan Santos/PR

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