Home Brasil Família Bolsonaro comprou nos últimos 30 anos 107 imóveis; 51 deles no dinheiro vivo

Família Bolsonaro comprou nos últimos 30 anos 107 imóveis; 51 deles no dinheiro vivo

1 de setembro de 2022, 08h35 | Por Redação ★ Blog do Lindenberg

by Redação ★ Blog do Lindenberg

Por Hoje em Dia/Blog do Lindenberg – blogdolindenberg@hojeemdia.com.br

O presidente Jair Bolsonaro pode até oferecer alguma explicação para a compra de tantos imóveis, alguns em dinheiro vivo – o que não deixa de ser estranho, até porque quando se compra a dinheiro costuma-se passar o imóvel por preço mais baixo, lesando o Imposto de Renda, ou se coloca em nome de laranjas. Não parece ser o caso, mas o fato é que nos últimos 30 anos a família Bolsonaro, incluindo os quatro filhos e as ex-mulheres, compraram 107 imóveis e pelo menos 51 dessas propriedades foram adquiridas com dinheiro vivo, somando R$ 13.500.000. Corrigindo esses valores, desde então, passam dos R$ 25 milhões.

Essas propriedades estão espalhadas pelo Rio de Janeiro, São Paulo e Brasília. De forma que a compra delas em dinheiro vivo, se não configura crime – e de fato não é –, a compra em espécie é uma das maneiras mais utilizadas para a prática de lavagem de dinheiro, uma operação realizada com o objetivo de colocar no mercado recursos obtidos de forma ilícita.

“Dois crimes estão envolvidos na lavagem de dinheiro. Um é o que possibilitou o dinheiro ilícito, e o segundo é essa colocação (de recursos) no mercado formal”, explica Fabiano Angélico, pesquisador da Universidade de Lugano, na Suíça, e doutorando em administração pública pela Fundação Getúlio Vargas.

Quem fez o levantamento foi a equipe do UOL. A reportagem levou sete meses para ser feita com levantamento em cartórios. O presidente não gostou do que viu e rebateu com uma indagação pouco convincente: “Qual o problema comprar com dinheiro vivo algum imóvel?”.

Na verdade, a prática de lavar dinheiro em imóveis é comum em vários países e, no Brasil, não é diferente. Aliás, na esteira dessa constatação, a Polícia Federal pediu ontem à Justiça Federal a abertura de uma investigação para apurar se Ana Cristina Valle, ex-mulher do presidente Bolsonaro, cometeu crime de lavagem de dinheiro ao comprar uma mansão no Lago Sul, área nobre de Brasília, porque no Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) não consta essa transação, que teria custado R$ 3,2 milhões.

Na casa moram, além da ex-mulher de Bolsonaro, o filho, conhecido como 04, Jair Renan Bolsonaro. Na época da transação, Ana Cristina negava ser dona do imóvel e dizia morar de aluguel. Na verdade, a mansão estava em nome do corretor de imóveis Geraldo Antônio Machado. Mas agora, na prestação de contas ao TSE, Ana Cristina, que é candidata a deputada distrital pelo PP, declarou a mansão como sendo de sua propriedade. Para o Coaf, a participação de Geraldo na transação financeira é um indício de possível simulação de compra e venda de propriedade, o que pode configurar crime de lavagem de dinheiro.

Como reconhece o presidente Bolsonaro, não é crime comprar imóveis em espécie, ou a dinheiro, como se diz na linguagem comum, mas em uma eleição polarizada como essa é evidente que os adversários do presidente da República vão usar essa questão como mote para tentar demolir o chefe da Nação, que ocupa do segundo lugar entre os que lideram a corrida presidencial, atrás, no entanto, do ex-presidente Lula.

Segundo o Instituto Quaest, Lula tem 45% de intenção de votos, Bolsonaro tem 29%. Lula, no entanto, soma 45% das intenções de voto entre as mulheres, enquanto o presidente Bolsonaro tem 29%. A pesquisa já pegou o debate da TV Bandeirantes do último domingo, em que Bolsonaro não foi bem ao desrespeitar a jornalista Vera Magalhães, da TV Cultura, que perguntava a Ciro Gomes (PDT) sobre a cobertura vacinal com resposta de Jair Bolsonaro.

Como Bolsonaro está usando a sua mulher, Michele, no horário eleitoral, a senadora Simone Tebet (MDB) recorreu ao TSE pedindo que a publicidade seja retirada do ar. Essa mesma pesquisa da Quaest mostra que Lula e Bolsonaro estão empatados no Sul, no Sudeste, Norte e Centro-Oeste, com Lula disparando no Nordeste, onde bate Bolsonaro com 58% das intenções de voto contra 21% do presidente.

Foto: PA/Joedson Alves

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