A desativação da Base Operacional da Cemig no bairro São Gabriel, em Belo Horizonte, com a transferência de 115 trabalhadores para a base do Anel Rodoviário, no bairro Camargos, pode prejudicar os serviços prestados a mais de um milhão de pessoas. Esse é o número de moradores das onze cidades antes atendidas a partir da base que foi fechada na semana passada.
Representando a Comissão de Administração Pública da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), a deputada Beatriz Cerqueira (PT) visitou a Base Operacional do Anel Rodoviário para entender como se deu a transferência dos funcionários e como as atividades desempenhadas por eles podem ser prejudicadas pela decisão. A visita, realizada na manhã desta segunda-feira (16/9/19), foi acompanhada pelo deputado federal Rogério Correia (PT-MG) e por sindicalistas.
Causou espanto à deputada a velocidade da transferência, realizada logo após uma visita da mesma comissão da ALMG à base do bairro São Gabriel. Na ocasião, foi dito à parlamentar que não havia previsão para o fim das atividades no local, o que aconteceu menos de duas semanas depois.
De acordo com Aender dos Santos, técnico de manutenção que está entre os funcionários transferidos, eles foram avisados na sexta-feira (6) que já iniciariam o trabalho em outro local na segunda-feira (9).
Aumento das emergências no período de chuvas pode piorar efeitos do fechamento de bases
O fechamento da Base Operacional faz parte de um projeto mais amplo, que já resultou no fim das atividades de mais de 50 bases em Minas Gerais este ano. Toda a Região Metropolitana de Belo Horizonte será agora atendida pela Base Operacional do Anel Rodoviário e outra, localizada em Betim (Região Metropolitana de Belo Horizonte).
Segundo os sindicalistas e trabalhadores presentes, isso vai aumentar o tempo de deslocamento até as áreas com problemas, o que tende a piorar o atendimento.
A deputada Beatriz Cerqueira reclamou da falta de diálogo dos dirigentes da Cemig, que não compareceram em audiências públicas sobre o assunto e não mandaram representantes, além de terem se negado a apresentar qualquer estudo que tratasse do impacto dos fechamentos das bases no atendimento ao consumidor.
O encerramento das atividades em todas as 50 bases se deu no período seco do ano e o coordenador geral do Sindicato Intermunicipal dos Trabalhadores na Indústria Energética de Minas Gerais (Sindieletro), Jefferson Silva, alertou que, com o início das chuvas, a demanda por serviços emergenciais aumenta e, nesse período, o consumidor de energia sofrerá de forma mais perceptível as consequências da decisão.
O superintendente de serviços de comercialização e emergência da Cemig, Mauro Marinho, negou, porém, que as mudanças vão impactar no atendimento. Segundo ele, a empresa tem investido em tecnologia e os funcionários ficarão, ao longo do dia, posicionados em diferentes regiões da cidade para atender aos chamados. Ainda de acordo com ele, os trabalhadores deslocados só faziam atendimentos programados, enquanto os emergenciais são atendidos por equipes terceirizadas.
Mauro Marinho também afirmou que 75 novas “bases operativas” devem entrar em funcionamento no período de chuvas. Essas bases também são formadas majoritariamente por equipes de funcionários terceirizados.
Precarização – A deputada Beatriz Cerqueira salientou que essa forma de contratação aumenta a precariedade do trabalho e, no setor elétrico, já é comprovado que o número de acidentes é maior com os terceirizados.
Ela também demonstrou preocupação com os deslocamento dos funcionários da Cemig, que precisaram fazer adaptações bruscas em suas vidas pessoais para incluir longos deslocamentos até o novo local de trabalho.
A parlamentar ressaltou, ainda, que não houve adaptações na Base Operacional do Anel Rodoviário para receber mais 115 funcionários. Mauro Marinho, entretanto, disse que a estrutura foi feita para comportar um número até maior dos que os atuais 500 trabalhadores.
Fonte/Créditos: ALMG
https://www.almg.gov.br/acompanhe/noticias/arquivos/2019/09/16_visita_cemig.html
Foto: Guilherme Bergamini