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Filiação de Kalil pega lideranças estaduais do Republicanos de surpresa A chegada do ex-prefeito ao partido foi selada em um jantar com o presidente nacional da legenda, Marcos Pereira, na noite dessa quinta-feira (25/7).

28 de julho de 2024, 11h10 | Por Letícia Horsth

by Letícia Horsth

O acordo costurado para a filiação do ex-prefeito de Belo Horizonte Alexandre Kalil ao Republicanos entre quinta e esta sexta-feira (26/7) surpreendeu a cúpula estadual do partido. Enquanto o PSD já estava ciente da saída de Kalil, as lideranças do Republicanos em Minas Gerais sequer teriam sido informadas da articulação até o fim desta manhã. A filiação de Kalil foi selada em um jantar com o presidente nacional do Republicanos, Marcos Pereira. A negociação teria sido conduzida pelos caciques nacionais da legenda e com o presidente municipal, Gilberto Abramo.

O TEMPO apurou que, logo após a notícia vir a público, o presidente estadual do Republicanos, Euclydes Pettersen, teria tentado entrar em contato com Pereira, que estava em um voo e não o atendeu de pronto. Nem mesmo o deputado estadual e pré-candidato à Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) Mauro Tramonte, que tem como coordenador da campanha o ex-deputado estadual e aliado de Kalil, Adalclever Lopes (PSD), teria sido oficialmente informado.

Quando Euclydes teve a confirmação, ele teria avisado às demais lideranças, como, por exemplo, o senador Cleitinho. Assim como próprio presidente estadual do Republicanos, o senador teria tomado conhecimento da filiação de Kalil pela imprensa.

Apesar de o Republicanos ter supostamente oferecido a Kalil o comando do diretório estadual e uma candidatura ao governo de Minas em 2026, interlocutores do partido, hoje, veem como improvável dar quaisquer garantias ao ex-prefeito para as futuras eleições. A avaliação é de que é difícil prometer ao ex-presidente do Atlético a chapa e o apoio de todos do partido. Cleitinho é cotado para ser candidato ao governo, por exemplo.

O entendimento de alguns é que está cedo para definir que será o candidato em 2026, escolha que deveria ser feita através de uma construção ao longo dos próximos anos. Um dos entraves seria a dificuldade de desvincular a imagem progressista do ex-prefeito, que em sua gestão na prefeitura teve como uma de suas marcas registradas, por exemplo, a participação em paradas LGBTQIAP+. Além de ter se aproximado de Lula e da esquerda nas últimas eleições. Como o Republicanos é ligado à igreja Universal, e tem em suas bandeiras pautas conservadoras, seria um risco apostar em alguém com rejeição entre os eleitores históricos do partido.

Negociações

Interlocutores de Tramonte admitem estavam negociando há algum tempo o apoio do ex-prefeito à pré-candidatura do ex-deputado. No entanto, devido à demora do ex-presidente do Atlético em sinalizar sua posição, auxiliares do Republicanos mantiveram as negociações com outros nomes para compor alianças. Paralelamente às tratativas com Kalil, a campanha de Tramonte avançou nas tratativas para ter a ex-secretária de Planejamento e Gestão do governo Romeu Zema (Novo), Luísa Barreto (Novo), como vice.

As conversas com Luísa e o Novo eram conduzidas justamente pelas lideranças estaduais do Republicanos, que, já há algum tempo, defendiam a aproximação institucional entre o partido ligado à Igreja Universal e o governo Zema. Apoiado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Kalil foi o principal adversário do governador nas eleições de 2022. Antes mesmo de ser candidato, o então prefeito de Belo Horizonte criticava a relação entre o Palácio Tiradentes e o Município.

Para o presidente estadual do Novo, Cristopher Laguna, a chegada de Kalil ao Republicanos “não atrapalha” as negociações. “Essa é uma decisão que cabe ao Republicanos. Cabe a eles fazerem a avaliação do que querem, uma direita saudável ou uma direita confusa. Nós seguimos com a Luísa Barreto”, pontuou.

Por outro lado, Laguna alfinetou a ida de Kalil para o Republicanos, especialmente devido ao apoio que Lula deu à candidatura do ex-prefeito ao governo do Estado em 2022. “Em Minas, o Republicanos mantém uma posição de direita, e colocar o Kalil em destaque seria igual voltarmos com o Amoedo (fundador do Novo e ex-presidente nacional da sigla) para administrar a legenda após ele declarar apoio a Lula”, avaliou.

Interlocutores do PSD, por sua vez, não estranharam a saída de Kalil do partido, já que o ex-prefeito se mantinha distante da legenda desde o último pleito. Inclusive, Kalil já teria verbalizado sua vontade de sair da legenda. Na última semana, o ex-prefeito se encontrou com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD), em Brasília, para discutir o cenário eleitoral no Estado. Auxiliares do partido negaram qualquer pressão do PSD para que Kalil apoiasse a pré-candidatura à reeleição do prefeito Fuad Noman, que foi alçado a vice por escolha do ex-presidente do Atlético.

Outro lado. Procurado, Euclydes Pettersen negou ruídos internos por causa da negociação entre o partido e Kalil. De acordo com o deputado federal, o diretório estadual deu autonomia para que cada diretório municipal cuidasse das pré-candidaturas às prefeituras.

“O Gilberto Abramo está conduzindo as articulações. Sabíamos das conversas e estávamos intensificando (as negociações)”, apontou o deputado, que crê que o apoio do ex-prefeito não inviabiliza as conversas com o Novo para uma composição. “Porque estamos fazendo uma composição a nível municipal”, pontuou.

Já o senador Cleitinho disse não ter nada contra Kalil. Questionado sobre uma chapa com o ex-prefeito sendo cabeça de chapa ao governo de Minas em 2026, o senador destacou que seus esforços estão voltados para seu mandato no Senado.

Com informações do OTempo.
Foto: Flávio Tavares.

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