Por O Globo
O futuro ministro da Justiça Flávio Dino anunciou que desistiu de nomear Edmar Camata para o posto de diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal (PRF) após a revelação de que ele fez críticas ao presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, e manifestações de apoio à Lava-Jato. Para o posto, anunciou o policial rodoviário federal Antonio Fernando Oliveira.
Oliveira está na PRF desde 1994, é graduado em direito tributário e mestrando pela Universidade Autônoma de Lisboa.
— Tivemos uma polêmicas nas últimas horas e o entendimento meu e da minha equipe foi que seria mais adequado substituir — afirmou.
Prosseguiu o futuro ministro: — Nós fazemos pesquisa de todas as pessoas e levamos em conta menos as visões pretéritas e mais o presente e o futuro, porque somente os mortos não evoluem. Não levo em conta muito as posições pretéritas, mas precisamos ao olhar o futuro, examinar se aquele líder tem condições políticas de conduzir sua atribuição, então realmente não se trata de um julgamento sobre posições pretéritas, mas de avaliação quanto à existência de condições políticas para liderar a equipe — disse.
Dino afirmou que foi dele a escolha de substituir Camata e que Lula não participou da decisão.
– Em meio a polêmicas você acaba por dissipar energias numa área em que é preciso foco. Faço questão de assinalar o meu reconhecimento sobre o excelente currículo de Camata. Mas preciso de uma equipe que além de unida tenha condições de levar seus trabalhos a diante.
Segundo Dino, a equipe de transição da Justiça e Segurança Pública tinha conhecimento sobre a “posição política” de Camata, mas desconhecia postagens específicas, a exemplo de uma publicação na qual Camata defendeu a prisão de Lula.
– Eu tinha conhecimento da posição política dele, mas não do teor de determinadas postagens. É feita a pesquisa e não houve avaliação de uma determinada postagem, mas quanto à posição política, sim. Em face da polêmica é claro que ele no futuro não reuniria condições para se dedicar como gostariamos.
Ao justificar a desistência, Dino afirmou que houve uma “avaliação política” negativa sobre a nomeação de Camata e disse que Camata foi informado que, por causa da polêmica, seria melhor a indicação de outra pessoa.
— Não há portanto nenhum julgamento de desvalor, mas apenas uma avaliação puramente política. E realmente eu tenho buscado uma equipe que seja plural, que seja ampla — afirmou.
Em pronunciamento, o ministro também anunciou outros nomes para a composição de sua equipe. Para a secretaria Nacional de Segurança Pública, foi indicado o deputado Tadeu Alencar (PSB-PE). para a secretaria nacional de Assuntos Legislativos, foi indicado o deputado Elias Vaz (PSB-GO). O coronel da Polícia Militar de São Paulo Nivaldo Cesar Restivo foi escolhido para a secretaria nacional de Políticas Penais, que irá substituir o antigo Departamento Penitenciário Nacional (Depen).
Foto: Marcos Corrêa/PR