O vice-presidente da República, Hamilton Mourão, disse nesta segunda-feira (11/1) que a Ford ganhou bastante dinheiro no Brasil e que o anúncio da montadora sobre o encerramento da produção de veículos nas fábricas do Brasil “não é uma boa notícia”.
Por Metrópoles
“Não é uma notícia boa, né? Acho que a Ford ganhou bastante dinheiro aqui no Brasil, né? E me surpreende essa decisão que foi tomada aí pela empresa. Uma empresa que está no Brasil há praticamente 100 anos, desde 1921 [na verdade, desde 1919, e com produção nacional desde 1953], né. Acho que ela poderia ter retardado isso aí mais, e aguardado, até porque o nosso mercado consumidor é muito maior do que outros aí”, afirmou à CNN, na saída do Palácio do Planalto.
No Brasil, a organização tem fábricas em Camaçari (BA) e em Taubaté (SP), que serão fechadas imediatamente. Há também uma unidade em Horizonte (CE), onde são fabricados os modelos Troller, que terá operação até o quarto trimestre de 2021.
Em Taubaté, cerca de 830 funcionários estão no quadro da empresa e serão afetados pela medida. Em Horizonte, o número é 470 trabalhadores.
Sobre as razões para o fechamento, a empresa citou o avanço da pandemia de Covid-19, que contribuiu para a “capacidade ociosa da indústria” e para a “redução das vendas, resultando em anos de perdas significativas”. Em nota, a organização afirmou que prevê impacto de US$ 4,1 bilhões (R$ 22,5 bilhões) em despesas.
Apesar do encerramento das unidades, a companhia manterá a sede administrativa da América do Sul, em São Paulo, o Centro de Desenvolvimento de Produto, na Bahia, e o Campo de Provas, em Tatuí (SP).
“A Ford está presente há mais de um século na América do Sul e no Brasil e sabemos que essas são ações muito difíceis, mas necessárias, para a criação de um negócio saudável e sustentável”, disse Jim Farley, presidente e CEO da Ford, em nota publicada na página da empresa.
A Ford também afirmou que incluirá novos veículos ao portfólio para atender os brasileiros. Os carros serão produzidos na Argentina, no Uruguai e em outros países. Além disso, clientes do Brasil ainda poderão ter acesso ao serviço de assistência ao consumidor.
“Estamos mudando para um modelo de negócios ágil e enxuto ao encerrar a produção no Brasil, atendendo nossos consumidores com alguns dos produtos mais empolgantes do nosso portfólio global. Vamos também acelerar a disponibilidade dos benefícios trazidos pela conectividade, eletrificação e tecnologias autônomas, suprindo, de forma eficaz, a necessidade de veículos ambientalmente mais eficientes e seguros no futuro”, afirmou Farley, em nota.
Foto: Rafaela Felicciano
Fonte: Metrópoles